ATA DA NONAGÉSIMA OITAVA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 20.11.1998.
Aos vinte dias do mês de
novembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
nove horas e quinze minutos foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida
pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clovis
Ilgenfritz, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn,
João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Renato
Guimarães e Sônia Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu
Sabino, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, João Motta, José
Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Tereza Franco. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Nonagésima Sexta
Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador
Adeli Sell, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 164 e 165/98 (Processos nºs
3204 e 3206/98, respectivamente); pelo Vereador Fernando Záchia, o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 18/98 (Processo nº 3207/98); pelo Vereador
João Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de
Informações nº 137/98 (Processo nº 3230/98); pela Vereadora Maria do Rosário, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 166/98 (Processo nº 3210/98). Ainda, foi
apregoado Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, solicitando a renovação
da votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 75/97 (Processo nº 1324/97). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 3593, 3623, 3624 e 3631/98, do Senhor
Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Marilena Schlee,
Presidenta do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem - SINDISAÚDE, que
procedeu à apresentação da nova diretoria do Sindicato que preside e discorreu
acerca da crise observada no sistema de saúde pública do País, defendendo um
maior envolvimento do Poder Público nessa área e posicionando-se contrariamente
à implantação de organizações sociais no Grupo Conceição e no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Juarez Pinheiro
saudou a nova diretoria do SINDISAÚDE, analisando o papel a ser exercido por um
sindicato junto à sociedade atual. Também, teceu considerações sobre o quadro
econômico-social observado no Brasil, criticando cortes de verbas efetuados
pelo Governo Federal no setor da saúde pública. O Vereador Cláudio Sebenelo
solidarizou-se com as manifestações efetuadas pela Senhora Marilene Schlee
durante o período de Tribuna Popular, declarando-se contrário a privatizações
na área da saúde e relatando dificuldades enfrentadas pelo Grupo Hospitalar
Conceição, face à falta de leitos e à grande procura desta instituição pela
comunidade. Na oportunidade, o Vereador Antônio Losada formulou Requerimento
verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando cópia das notas
taquigráficas do pronunciamento efetuado pela Senhora Marilene Schlee, em
Tribuna Popular. Às nove horas e cinqüenta minutos, o Senhor Presidente
declarou suspensos os trabalhos, sendo reabertos às nove horas e cinqüenta e um
minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 60/98, este
discutido pelo Vereador João Dib, 153/98, este discutido pelos Vereadores João
Dib e Renato Guimarães, 154, 158 e 159/98, o Projeto de Resolução nº 44/98, o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 17/98, este discutido pelos
Vereadores João Dib, Clovis Ilgenfritz, Adeli Sell e Renato Guimarães, o
Projeto de Lei do Executivo nº 42/98, este discutido pelo Vereador Gerson
Almeida; em 3ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 47/98. Na ocasião, o Vereador
Cláudio Sebenelo formulou Requerimento verbal, solicitando cópias do
pronunciamento do Vereador Renato Guimarães, Requerimento este deferido pelo
Senhor Presidente, após a anuência do Orador. Também, constatada a existência
de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Cláudio Sebenelo,
solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no período de vinte
e cinco a vinte e sete de novembro do corrente. Ainda, foi apregoada a Emenda
nº 12, de autoria do Vereador Nereu D’Ávila, ao Projeto de Lei do Executivo nº
35/98 (Processo nº 2888/98). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn
procedeu à leitura de documento distribuído pela 12ª Superintendência Regional
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde é manifestada a
inconformidade dessa instituição com a demolição do Mercado Público do Bom Fim.
Também, solicitou a manifestação da Comissão de Constituição e Justiça da Casa,
acerca dos aspectos legais envolvidos na referida demolição. A Vereadora Sônia Santos
comentou notas hoje divulgadas pelo Jornal do Comércio, acerca da transferência
de famílias do Loteamento Timbaúva para área do Jardim Protásio Alves, área
esta de preservação ambiental, declarando considerar necessária a vinda de
integrante do Executivo Municipal para prestar maiores informações sobre o
assunto. O Vereador João Dib reportou-se aos pronunciamentos efetuados pelos
Vereadores Isaac Ainhorn e Sônia Santos, criticando a atuação do Partido dos
Trabalhadores à frente do Executivo Municipal e afirmando ocorrerem variadas
interpretações da lei, conforme interesses mais momentâneos e sem a avaliação
devida dos reais interesses da Cidade. O Vereador Carlos Alberto Garcia
registrou ter encaminhado Pedido de Providências em março do corrente ano,
solicitando a implantação de semáforo na esquina das ruas Duque de Caxias e
Vasco Alves, analisando os motivos apresentados pela Secretaria Municipal dos
Transportes para recusa desta solicitação. Ainda, comentou problemas de
trânsito observados na Rua Monsenhor Veras. Após, constatada a existência de
“quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Senhor Presidente registrou a
presença do Senhor João Veppo. A seguir, foram aprovados Requerimentos verbais
dos Vereadores Elói Guimarães e Maria do Rosário, solicitando alterações na
ordem de apreciação da matéria constante da Ordem do Dia. Na ocasião, face a
manifestações dos Vereadores Cláudio Sebenelo e Pedro Américo Leal, o Senhor
Presidente prestou informações acerca da apreciação, pela Casa, do Projeto de
Lei do Legislativo nº 86/98. Em verificação de votação solicitada pelo Vereador
João Dib, foi rejeitado Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal,
solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98 tenha adiada sua
discussão por três Sessões, por sete votos SIM, quinze votos NÃO e quatro
ABSTENÇÕES, após ser aprovado em sua votação simbólica, tendo votado Sim os
Vereadores Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Hélio
Corbellini, Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas, Não os Vereadores
Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando
Záchia, Gerson Almeida, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, José
Valdir, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza
Franco e optado pela Abstenção os Vereadores, Guilherme Barbosa, Henrique
Fontana, Juarez Pinheiro e Maria do Rosário. Na ocasião, respondendo à Questão
de Ordem do Vereador Henrique Fontana, o Senhor Presidente prestou
esclarecimentos acerca da apreciação deste Requerimento. Em Discussão Geral e
Votação foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, por oito votos
SIM, doze votos NÃO e três ABSTENÇÕES, após ser discutido pelos Vereadores Luiz
Braz, Hélio Corbellini, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, Pedro Ruas, Tereza Franco,
Pedro Américo Leal e Anamaria Negroni e ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Anamaria Negroni, João Dib, Elói Guimarães e Lauro Hagemann, em
votação nominal solicitada pela Vereadora Anamaria Negroni, tendo votado Sim os
Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Guilherme Barbosa, Hélio
Corbellini, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Renato
Guimarães, Não os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Elói Guimarães,
Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Lauro
Hagemann, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Tereza Franco, optado pela Abstenção os
Vereadores Décio Schauren, Gerson Almeida, Henrique Fontana e tendo apresentado
Declaração de Voto os Vereadores Lauro Hagemann e Clovis Ilgenfritz. Durante a
apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, os Vereadores Juarez
Pinheiro, Nereu D’Ávila e João Motta cederam seus tempos de discussão aos
Vereadores Elói Guimarães, Isaac Ainhorn e Pedro Américo Leal, respectivamente.
Também, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Gilmar Etelwein,
ex-Jornalista deste Legislativo e atual Coordenador de Música da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, e a Vereadora Tereza Franco registrou o transcurso,
hoje, do Dia da Consciência Negra. Ainda, foram apregoadas as Emendas nºs 02 e
03, de autoria do Vereador Clovis Ilgenfritz, apostas ao Projeto de Resolução
nº 37/98 (Processo nº 2552/98). Após, a Vereadora Anamaria Negroni registrou
que solicitará a renovação da votação do Projeto de Lei do Legislativo nº
86/98. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados os Projetos de Lei do
Executivo nºs 32/98, este após ser discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, e
33/98. Na oportunidade, o Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se acerca da
apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 33/98. Em Discussão Geral e
Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 45/97, com ressalva
das Emendas a ele apostas. Após, foi rejeitada a Emenda nº 01 aposta a este
Projeto, por dezesseis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, em verificação de votação
solicitada pelo Vereador Paulo Brum, após ter sido aprovada em sua votação
simbólica, tendo votado Não os Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum e Renato Guimarães e
optado pela Abstenção os Vereadores João Dib e Pedro Ruas. A seguir, foram
aprovadas as Emendas nºs 02 e 03 apostas ao Projeto de Lei do Legislativo nº
45/98. Em Discussão Geral e Votação, foi apregoado o Projeto de Lei do
Executivo nº 37/98. Na ocasião, o Senhor Presidente acolheu Questão de Ordem do
Vereador João Dib, acerca da viabilidade de votação deste Projeto antes da
votação do Projeto de Lei do Executivo nº 35/98. Também, os trabalhos estiveram
suspensos das doze horas e trinta e nove minutos às doze horas e quarenta
minutos, nos termos regimentais. Às doze horas e quarenta e dois minutos,
constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e
secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol e Adeli Sell,
este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos à
A
Sr.ª Marilene Schlee, representando o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem
- SINDISAÚDE, que tem como assunto a apresentação da nova Diretoria e a crise
da saúde pública nos hospitais. Estão presentes, além da Presidente Marilene
Schlee, o Sr. Odacir Oliboni - Vice-Presidente e o Sr. José Pedro da Luz,
Diretor.
A
Sr.ª Marilene Schlee está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.
A SRA. MARILENE SCHLEE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Temos a
honra de, pela primeira vez, o SINDISAÚDE estar nesta Casa, na Tribuna Popular.
Queremos dizer aqui que depois de muitos anos de luta, de organização, de uma
oposição sindical, chegamos em setembro último, à grande vitória, uma vitória
que foi construída ao longo dos anos, com muitos esforços, por quê? De fato e
de direito, quem sempre brigou dentro dos hospitais foi a oposição. A antiga
Diretoria se manteve 10 anos e não se deu nem ao trabalho de divulgar o
Sindicato, mostrando a sua importância.
Hoje,
com a atual crise da Saúde, vemos o quanto é importante ter um Sindicato
atuante, ter um Sindicato trabalhando em prol de uma categoria quando, neste
momento, vários hospitais não pagam os salários de seus funcionários. Além dos
salários, há dificuldades no atendimento do serviço público. Durante anos e
anos, o Poder Público, principalmente o Federal e Estadual, deixou muito a
desejar. Os índices gastos na Saúde hoje são menores do que qualquer outra área
menos importante. Entendemos que a saúde da população para nós é o mais
importante. Os hospitais estão em crise, os funcionários não recebem os seus
salários, as pessoas estão morrendo nas filas. O nosso Sindicato vem batalhar
para a defesa do Sistema Único de Saúde, para que o Poder Público assuma e
invista realmente naquilo que foi orçado para que a população de Porto Alegre e
do Rio Grande do Sul realmente tenha uma atenção especial, porque, enquanto nós
lutamos em cima das condições de trabalho, o Poder Público fica alheio àquilo
que de fato e de direito deveria executar, que é o atendimento
médico-hospitalar à população.
Vemos
hoje grandes filas em grandes hospitais, como é o Grupo Conceição, o desespero
das pessoas, e temos que passar por cima deles, porque não há mais onde sentar,
ficam deitados no chão. Isso apenas é um exemplo do que acontece hoje na Saúde
de Porto Alegre e do Rio Grande. O atual Governador enfatizou, na sua campanha,
que havia postos de vinte e quatro horas em todas as cidades do Rio Grande, mas
nós acabamos confirmando que tudo isso é mentira. Não há um município no
interior do Estado que realmente tenha um posto vinte e quatro horas avançado.
Na verdade, as pessoas deslocam-se quilômetros e quilômetros para procurar
atendimento na Capital, assim, usando a verba orçada do Município para todo o
Rio Grande do Sul. Na verdade, Porto Alegre é que arca com o maior índice do
Orçamento da Saúde para toda a população do Estado.
O
Governo Federal deveria aplicar a CPMF nos hospitais, mas temos verificado, em
apenas trinta dias de nossa administração, que a maior parte dos hospitais não
recebem um centavo desse dinheiro. O Sindicato vem cobrar do Governo Federal e
do atual Governo Estadual onde foi parar esse dinheiro. Todos sabem que o
Hospital das Graças, de Canoas, já está fechado há sessenta dias por falta de
pagamento e condições de trabalho, e que, na verdade, nos últimos momentos das
eleições, o Governo do Estado tentou introduzir equipamentos para que pudesse
reabrir, ainda no primeiro turno das eleições, mas não aconteceu isso, porque
até hoje os equipamentos que deveriam estar no hospital ainda não foram
colocados lá, e não há condições de reabrir aquele hospital.
Temos
mais de mil leitos fechados na cidade de Porto Alegre porque o SUS tem que ser
implantado o mais rápido possível, para que reabram esses leitos. É necessário
que o Governo Federal aumente as AIHs, para que esses hospitais voltem a
funcionar. O SINDISAÚDE vai batalhar para que esses leitos voltem a funcionar
em Porto Alegre. Temos o Lazzarotto fechado, o Ipiranga fechado, o Parque Belém
fechando por falta de condições, por falta de dinheiro, por falta de condições
de trabalho. O Parque Belém hoje não tem mais cem leitos. E realmente queremos
saber aonde foi o dinheiro da Saúde que deveria estar aqui para atender à
população.
É a primeira vez que ocupamos esta tribuna. É
necessário um trabalho do conjunto da sociedade, é necessário que trabalhemos
para que as pessoas parem de morrer nas filas dos hospitais, é necessária a
ajuda de toda a população. É necessário bater forte principalmente no Governo
Federal e na atual administração do Estado, para que a gente possa dar o
atendimento que a nossa população necessita e precisa. As pessoas de baixa
renda hoje estão sendo marginalizadas, porque não têm condições de fazer um
plano de saúde, precisam do Poder Público para que possam sobreviver, porque é
quem da fato deve conhecer essa realidade que, acredito, muitos desconhecem,
mas nós conhecemos muito bem. Nós queremos que toda a população tenha um bom
atendimento e que possa ser atendida pelo Poder Público.
Somos
radicalmente contra a organizações sociais que tentam se implantar no grupo
Conceição e principalmente no Hospital de Clínicas. Nós vamos batalhar para que
nenhuma empresa pública existente hoje, em nível hospitalar, se ligue à
organização social e sim ao Sistema Único de Saúde para todos.
Achamos e defendemos que esses grandes hospitais devam atender a população carente e que os postos de saúde do Município devam dar o primeiro atendimento em nível de Estado. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra o Ver. Juarez Pinheiro,
para Comunicação de Líder.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, caros
companheiros da direção do SINDISAÚDE, Presidente Marilene Schlee, Oldacir
Oliboni, companheiro José Pedro da Luz, demais militantes da área da Saúde que
comparecem a esta Sessão da Câmara de Vereadores. Hoje, é um dia histórico para
esta Casa e para os trabalhadores da Saúde.
É
com muita honra que, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, queremos
saudar os companheiros já nominados e outros milhares espalhados por todo o Rio
Grande do Sul que, após anos de lutas, após muito esforço, conseguiram
conquistar o Sindicato que estava, absolutamente, desviado das finalidades da
categoria. Sindicato existe para lutar e não para se amasiar com os
empregadores. O SINDISAÚDE, a partir da vitória conquistada no mês que passou,
já dá uma demonstração de luta. Nem completou 30 dias de mandato e a nova
gestão já faz, junto ao Grupo Hospitalar Conceição, o que tem que fazer um
sindicato, lutar pela categoria. Esse acordo interno, por força do corte de
verbas na área da Saúde, estava sendo negado aos trabalhadores, retirando
cláusulas sociais conquistadas há muito, fazendo com que houvesse um retrocesso
por parte da Direção. Um possível acordo a ser firmado brevemente poderia
recolocar essas conquistas os trabalhadores que, ao longo do tempo, conquistaram
com a sua luta. A política de submissão do Brasil ao FMI faz com que ele volte
à condição de colônia tem duas pilastras principais:
A
primeira delas é sobrevalorização da moeda, fazendo com que tenhamos
dificuldades nas exportações, e desde 1994 temos déficit comercial considerável
e, por isso, diminuem as nossas exportações e aumentam as nossas importações.
A
outra pilastra, é a abertura indiscriminada das nossas fronteiras, fazendo com
que haja um processo imenso de recessão, de quebradeira e desemprego.
O
que isso gera? Gera o déficit na balança com a sobrevalorização do real,
fazendo com que as importações superem, em muito, as exportações.
O
déficit fiscal com as políticas implementadas pelo Governo Federal, faz com que
venhamos a ficar cada vez mais endividados. Uma dívida interna, em títulos, de
mais de trezentos bilhões de reais. Uma dívida externa de duzentos e poucos
bilhões de reais. Isso faz com que tenhamos, cada vez mais, de pagar juros,
juros e mais juros. Nós somos o campeão do Mundo no que tange a pagamento de
juros.
Srs.
Vereadores, Srs. trabalhadores na área da saúde, a conseqüência é que cada vez
mais tenhamos de cortar recursos da área social, com ênfase na área da saúde.
Temos,
recentemente, um pronunciamento de alguém que é completamente insuspeito, eis
que é Ministro de FHC, o Ministro Serra. Ele deixou, absolutamente, claro a
política de desfinanciamento da saúde, dizendo que os gastos do Ministério da
Saúde tiveram uma queda extraordinária entre os anos 1994 e 1997, período em
que passaram de 24,3 bilhões para 18,5 bilhões de reais. O Orçamento de 1998
também teve comprometimento inferior, e em 1999, prevendo-se assim uma grande
redução.
O
Sistema Único de Saúde, conquista histórica dos trabalhadores, dos cidadãos
deste País, esculpido na Carta de 1988, é a grande saída, desde que
implementado.
Verificamos,
hoje, que não há interesse do Governo Federal, não há interesse do Governo
Estadual na implementação do SUS. O que eles querem é desconstituir o SUS para
que possam prevalecer os interesses privados. São esses mesmos trabalhadores
que hoje estão aqui, são alguns parlamentares combativos que fizeram com que
fosse brecada, aqui no Rio Grande do Sul, a privatização do Grupo Hospitalar
Conceição, sob a pecha de organização social, que já estava encaminhada, e que
seria realizada no ano que passou e a organização dos trabalhadores impediu que
fosse cometido esse crime contra a saúde pública neste Estado. O Sistema Único
de Saúde vem sendo boicotado por interesses econômicos escusos do Governo
Federal e Governo Estadual.
A
política da ambulância-terapia, que beneficia interesses de grupos de
econômicos, tem o seu fundamento a partir do momento em que a baixa remuneração
dos hospitais, a baixa remuneração dos trabalhadores da área da saúde e faz com
que os valores, principalmente nas cidades do interior, sejam muitos pequenos.
Dia dez de cada mês, os hospitais do interior não têm mais como hospitalizar os
cidadãos, obrigam-se a realizar a política de ambulância-terapia, deslocando os
cidadãos para os hospitais públicos de Porto Alegre.
Queremos
denunciar, de forma candente, os cortes na área da saúde. É um absurdo, Ver.
Pedro Américo Leal, que também tem tratado desse tema, que venhamos a
satisfazer os interesses do FMI, dos países centrais e venhamos a deixar
morrer, sem assistência social, os cidadãos deste País. A Tribuna Popular de
hoje é um marco, nós temos, no Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Trabalhadores
da Saúde, um sindicato que veio para lutar. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
quero saudar a Sr.ª Marilene Schlee, amiga pessoal, colega de trabalho de todos
os dias, Auxiliar de Enfermagem e representante da Presidência do Sindicato dos
Trabalhadores na Área da Saúde. E vejo, com muita alegria, na platéia, uma
pessoa que comigo trabalhou e que, no dia-a-dia, não só aprendi a ter confiança
no seu trabalho, mas como muito me ensinou, o Odacir Oliboni, pessoa com quem
eu tenho o prazer de ter convivido. Ele desenvolveu um trabalho muito profícuo
no Grupo Hospitalar Conceição, saindo de lá com todos os méritos e deixando uma
trajetória que é um exemplo para todos. Por isso, quero me solidarizar com a
campanha que agora inicia, evidentemente sem entrar no mérito do debate, do que
falou o Ver. Juarez Pinheiro, pessoa que, além da minha amizade pessoal, tem a
minha admiração pelo seu trabalho, pela sua dignidade, pela sua postura como
ser humano e que desenvolve um trabalho, nesta Casa, que é, no mínimo, para
todos nós, exemplar.
Nós
estamos voltados, independente de qualquer sigla partidária, para a
intocabilidade do Grupo Hospitalar Conceição e, qualquer idéia, qualquer insinuação,
qualquer tentativa de privatizar a área da saúde será respondida por este
Vereador. Parta de onde partir a iniciativa, seja do Partido a quem eu devo
fidelidade, seja do Governo que atualmente dirige a República, seja de qualquer
ponto que parta a idéia de privatização, qualquer insinuação ou preparação de
privatização, será debatida e tentaremos transformar de todas as maneiras em
estatização da área da saúde. É uma área que não pode ser privatizada. Não pode
ser alterada, o pouco que tem, temos que lutar por ele, pelo que tem na área da
Saúde. Não podemos abrir mão desse compromisso, que é um compromisso do
governo, que é um compromisso do Ministério da Saúde, é um compromisso da
Secretaria da Saúde Estadual, e da Secretaria de Saúde Municipal, é um
compromisso da Nação, é um compromisso da sociedade, é um compromisso do País.
Não podemos abrir mão, no sentido de que haja qualquer insinuação, Ver. Pedro
Américo Leal, de privatização.
Permaneçam
- eu faço este convite a todos que se encontram aqui - dez minutos na porta da
emergência do Grupo Hospitalar Conceição e lá vocês verão as pessoas chegando e
não tendo leito para amenizar seus problemas de saúde; com equipes prontas,
preparadas, com boa vontade, com preparo técnico, etc. Nós temos que desenvolver
a área da saúde. Nós temos que investir em saúde. Nós temos que aumentar os
investimentos em saúde. E não vamos abrir mão dessa luta. Essa é uma luta nossa
e de todo o cidadão brasileiro, acima de qualquer partido e é, principalmente,
uma luta nacional, diz o Ver. Pedro Américo Leal. E, por isso, não tenham
dúvidas de que nós estaremos nesta trincheira, junto com todos aqueles que
entendem que a saúde no Brasil não é um privilégio de alguns, mas um direito de
todos, com igualdade, com universalidade e com todo o carinho que temos pelo
povo brasileiro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ANTÔNIO LOSADA (Requerimento): Sr. Presidente, nós queremos, também,
parabenizar os trabalhadores da área da Saúde por essa valorosa vitória da
chapa de oposição. Isso significa muito para os trabalhadores da Saúde, mas
muito mais para a população porto-alegrense. Esta é uma luta muito antiga que
nós vínhamos acompanhando.
Queremos,
também, aproveitar e requerer as notas taquigráficas quando da intervenção na
tribuna da nossa Presidenta.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Está deferido o seu requerimento.
Suspendemos a Sessão por um minuto para as despedidas.
(Suspende-se
a Sessão às 9h50min.)
O SR. PRESIDENTE (às 9h51min): Estão reabertos os trabalhos. Passo a
presidência dos trabalhos ao Vice-Presidente desta Casa, Ver. Clovis
Ilgenfritz.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos ao período da
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
1389/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
dispõe sobre a caligrafia a ser apresentada por médicos e dentistas em suas
receitas no Município de Porto Alegre.
PROC.
2976/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 044/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Waldemar Stimamilio.
PROC.
3038/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini,
que autoriza o Executivo Municipal a implantar o Programa Municipal de
Incentivo ao Primeiro Emprego.
PROC.
3067/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 154/98, de autoria da Verª Maria do Rosário,
que denomina Rua Encruzilhada do Sul um logradouro público localizado no Bairro
Nonoai.
PROC.
3099/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 017/98, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz,
que regulamenta o art. 232, inciso IV, da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre, instituindo o Programa de Assistência Técnica ao Projeto e Construção
de moradia econômica a pessoas de baixa renda, e dá outras providências.
PROC.
3129/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/98, de autoria da Verª Maria do Rosário,
que denomina Rua São Silvestre um logradouro público localizado no Bairro
Nonoai.
PROC.
3130/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 159/98, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
obriga as empresas de transporte coletivo rodoviário do Município de Porto
Alegre a fixarem em seus ônibus aviso de indenização por danos pessoais aos
passageiros vítimas de acidente.
PROC.
3196/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/98, que autoriza a abertura de crédito
suplementar no Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DMLU, no valor de
R$4.145.000,00, e dá outras providências.
3ª SESSÃO
PROC. 3115/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 047/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Monsenhor Máximo Benvegnú.
O SR. PRESIDENTE: O primeiro orador para discutir a Pauta é
o Ver. João Dib, que tem a palavra por cinco minutos.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Já
falei desta tribuna que há quase 170 anos o Presidente da Província do Rio
Grande dizia: “Chega de leis! As que tem são suficientes e basta que sejam
cumpridas”. Mas há uma fúria em matéria de legislação nesta Casa que me
impressiona. Dizia ainda o Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande
que “lei deve ser fruto da razão, da experiência e da luz”. O Ver. Reginaldo da
Luz Pujol propõe um projeto de lei sobre a caligrafia dos médicos. Diz o Ver.
Pedro Américo Leal que é um Projeto oportuno. Só não sei se a Câmara Municipal
tem autoridade para tanto. Há uma autorização do Ver. Hélio Corbellini para que
o Executivo Municipal implante o Programa Municipal de Incentivo ao Primeiro
Emprego. Eu ouvi que o Governador eleito quer fazer isso no Estado, e o Ver.
Hélio Corbellini já propõe aqui, só que eu acho que não compete à Câmara
Municipal a iniciativa, portanto não sei se a autorização tem valor. De
qualquer forma, é uma preocupação.
Eu
não estou analisando todos os projetos, mas o Ver. Clovis Ilgenfritz quer
regulamentar um artigo da Lei Orgânica instituindo o Programa de Assistência
Técnica ao Projeto e Construção de Moradia Econômica a Pessoas de Baixa Renda,
e dá outras providências. Já estou vendo o Executivo vetar por não ser iniciativa
sua, assim como quando o Vereador apresentou um Projeto institucionalizando o
Orçamento Participativo e não teve seqüência, ainda que tenha havido um
Substitutivo do Ver. Nereu D’Ávila. O Projeto anda aí, meio parado. E os demais
projetos referem-se a denominações de ruas, que são absolutamente corretas.
Outro
Projeto é o do Ver. Paulo Brum, que obriga as empresas de transporte coletivo
rodoviário do Município de Porto Alegre a fixarem em seus ônibus aviso de
indenização por danos pessoais aos passageiros vítimas de acidente. O Executivo
traz um Projeto de Lei que abre crédito suplementar no Departamento de Limpeza
Urbana - DMLU, no valor de 4 milhões de reais. Todos os finais de ano fazem
isso, portanto não há nada de novo.
Eu
gostaria que nós tivéssemos menos projetos de lei, mas leis muito mais bem
pensadas, para que pudéssemos analisá-las com a tranqüilidade que uma lei deve
ser analisada, pois lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. Saúde e
paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
queria, inicialmente, dizer que para mim este é um momento histórico, e eu fico
até um pouco emocionado, porque é uma idéia que vimos perseguindo desde o
início da década da 70, que se consubstanciou num projeto que foi, inclusive,
transformado num livro, que é o Programa de Assistência Técnica à Moradia
Econômica.
Esse
Projeto foi elaborado por uma equipe da direção do Sindicato, da direção do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e contou, também, com
a assessoria de um advogado conhecido por todos nós pela sua qualidade, o
Doutor e ex-Procurador-Geral do Estado, Manoel André da Rocha, um dos maiores
conhecedores de Direito Urbano deste Estado e um dos principais colaboradores
da Prefeitura, em vários momentos, em governos anteriores, na questão da
legislação urbana e, em especial, nos planos diretores. E trabalharam nesse projeto,
além deste Vereador, o Arquiteto Newton Burmeister, que atualmente é o
Secretário do Planejamento, o Arquiteto Carlos Maximiliano Fayet, conhecido por
todos nós pelos inúmeros projetos e hoje Presidente do Instituto de Arquitetos
do Brasil - Secção Nacional, e o Arquiteto Cláudio Roberto D. Casccia, além da
Bel. Maria Madalena Borges. É a equipe que fez um projeto que foi adotado pela
CREA e pelo Conselho Federal e transformado num pequeno compêndio, mostrando
por que, no nosso País, é necessária a instituição de um programa, se não em
todo o País, nas cidades que conseguirem fazer assessoria técnica ao projeto e
construção da moradia para pessoas de baixa renda - a chamada moradia popular.
O
Ver. João Dib, que já foi prefeito e várias vezes secretário, assim como outras
pessoas aqui neste Plenário, têm uma experiência nítida de que a maioria das
pessoas que hoje possuem um pequeno terreno, seja em área regular, ou não, e
que querem construir a sua casinha, têm dificuldades enormes: primeiro, porque
não têm dinheiro; segundo, porque vão à Prefeitura, que exige - e com razão -
um projeto com um responsável técnico. Aí, eles entram numa roda viva, nas mãos
de atravessadores muitas vezes, que desejam ajudar a prestar o serviço e que
acabam cobrando cada passo desse indivíduo, dessa família, para legalizar um
projeto na Prefeitura. Muitas vezes ainda, sai um desenho grotesco, sem nenhuma
ligação com o terreno ou com as necessidades daquela casa, cujo projeto deveria
prever a sua construção em etapas, porque, em geral, as pessoas vão construí-la
ao longo do tempo. Por isso mesmo, há mais necessidade de uma assistência
técnica. Às vezes, elas estão em áreas de risco, tem que ser demovido o
proprietário daquela área, e assim por diante.
Muitas
vezes, esses projetos empacam na Prefeitura e tudo acaba sendo feito
irregularmente, ou formalizam por meio de assinaturas de acobertadores, que
cobram mais do que o necessário e acabam não dando assistência, que é o
principal, que é o produto que a pessoa vai ter.
Por
outro lado, Ver. João Dib, poderiam existir linhas de financiamento de pequeno
porte, por exemplo, para a compra de material de construção, como já existiram
no BNH - o FICAM -, com percentual de menos de 5% do total do empreendimento.
Uma pessoa poderia receber o serviço prestado pelo Estado. A Prefeitura teria
vantagens enormes porque, além de existir uma condução técnica apropriada,
estariam regularizando as áreas, estariam sendo feitas de boa qualidade e
evitando problemas urbanos para o futuro.
Então,
hoje, que nós lutamos, Sr. Presidente, pela regularização fundiária, existem
inúmeras pessoas que precisam dessa pequena assistência. Se eu tiver tempo, se
eu conseguir, na próxima Sessão, eu vou colocar uma experiência que foi feita
ainda no Governo Collares, sobre questões de regularizações, em que nós, em
poucos meses, regularizamos setecentas habitações, com uma amostragem deste
tipo de projeto, em convênio entre o Sindicato dos Arquitetos, a Prefeitura e o
DEMHAB, e isso foi feito com uma qualidade que até hoje é colocada como
exemplo, e os profissionais realizaram o serviço, as pessoas receberam o
serviço e a Cidade recebeu o serviço. Então, nos moldes da assistência jurídica
existente, da assistência médica existente para determinados setores da sociedade,
em nível gratuito, nós achamos que esse tipo de assistência na área da
construção do Projeto que apresento aqui, também deve existir, porque é
importante. É um tema vasto, mas eu tenho a pretensão de pedir aos Srs.
Vereadores a atenção para que possamos, ainda este ano, contar com essa
proposta para a Cidade de Porto Alegre e, quem sabe, para outras cidades,
também. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Ver. Isaac Ainhorn, na condução dos
trabalhos neste momento, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Da mesma forma
que fez o meu caro colega de Bancada, Ver. Clovis Ilgenfritz, expondo aqui o
seu Projeto de Lei Complementar nº 17/98, que regulamenta o art. nº 232, inciso
IV da Lei Orgânica do Município, que institui o Programa de Assistência Técnica
ao Projeto e Construção de Moradia Econômica a Pessoas de Baixa Renda, também
discuto este seu Projeto, caro Ver. Clovis Ilgenfritz.
Li,
atentamente, artigo por artigo e sua Exposição de Motivos, e sou totalmente
favorável a ele, na medida em que responde a uma grande questão social dos dias
de hoje, não apenas de Porto Alegre, mas creio que da maioria dos municípios
brasileiros, incluindo pequenos municípios do interior do Estado. Porque hoje
estamos vendo, no interior do Estado, a nossa propriedade familiar, agrícola,
com uma descapitalização que, às vezes, a família não consegue mais sanar o
estrago, a deterioração da sua casa, muito menos construir casa para seus
filhos. Na cidade, nós estamos vendo a proliferação de favelas, vilas
irregulares. Há todo um trabalho do Departamento Municipal de Habitação da
nossa Cidade, como prioridade para a regularização fundiária, para a
urbanização desses terrenos.
Vossa
Excelência apresenta, aqui, o caminho para aqueles que não têm condições de
fazer o seu projeto.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Gostaria de dizer a V. Ex.ª e a todos os nossos pares que a Lei
Orgânica do Município em seu art. 232, inciso 4º diz, “no caput”, que a
execução dos programas habitacionais será de responsabilidade do Município, que
administrará a produção habitacional, estimulará novos sistemas construtivos,
etc., incentivará a criação de cooperativas habitacionais, etc., e - inciso 4º
- “instituirá programa de assistência técnica gratuita e construção de moradias
para famílias de baixa renda”. É coincidente a preocupação dos legisladores, no
início do ano 1989 e 1990, quando este Vereador não estava na Casa, era
Secretário do Planejamento. Aqueles termos utilizados estão absolutamente de
acordo com o que estamos propondo hoje.
O SR. ADELI SELL: Indiscutivelmente, Ver. Clovis
Ilgenfritz, é exatamente isso que diz V. Ex.ª. E refiro-me, também, ao art. 3º
do seu Projeto: “O Município poderá celebrar convênios com cooperativas
profissionais e sindicatos de categorias.” Nós estamos vendo que, felizmente,
dado o incentivo público, dada a consciência de nossos cidadãos e
principalmente de sindicatos que têm como pressuposto fundamental a idéia do
“sindicato cidadão” estão, hoje, organizando cooperativas habitacionais de seus
segmentos profissionais. Dessa forma, tenho certeza, com a parceria entre o
Poder Público Municipal, os sindicatos de categorias, associações, e mesmo
cooperativas independentes de pessoas que buscam a sua construção popular, nós
podemos, sim, mudar o panorama habitacional da Cidade de Porto Alegre.
Nós
temos problemas; a Prefeitura está fazendo a sua parte, através de uma série de
projetos do Departamento Municipal de Habitação, mas, infelizmente, a COHAB
sumiu do mapa, o BNH sumiu do mapa, e a Caixa Econômica Federal não tem
conseguido responder à altura às inúmeras demandas que existem para habitação
popular. Infelizmente, alguns dirigentes têm privilegiado o dinheiro público
para pessoas que poderiam pagar, através de outros processos da iniciativa
privada.
É
meritório o seu Projeto, parabéns, vamos trabalhar, e tenho certeza de que
todos os Vereadores concorrerão no sentido de aprovar esse Projeto ainda neste
ano. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaríamos de usar a tribuna, neste espaço, para fazer o registro de um
documento extremamente importante, cujo teor deve ser do conhecimento de todos
os Vereadores e da sociedade porto-alegrense e rio-grandense, porque representa
uma preocupação com um dos valores mais caros, que procuramos preservar, que é
a memória, a cultura e a história da nossa Cidade e do nosso Estado.
Passo
a ler, Sr. Presidente, até para que conste nos Anais desta Casa, a manifestação
oriunda do Ministério da Cultura, mais especificamente do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Esta carta, que é do Superintendente
Regional Sr. Luiz Fernando Rhoden dirigida ao Presidente desta Casa, tem o
seguinte teor:
“Assunto:
Mercado Bom Fim.
Ao cumprimentar V. Ex.ª cordialmente, venho
manifestar a inconformidade da 12ª Superintendência Regional do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional com a destruição do Mercado do Bom
Fim - Patrimônio Cultural da Cidade de Porto Alegre.
Nossa
instituição, responsável pela proteção e preservação do patrimônio tombado, em
nível nacional, tem desde a criação do Conselho Municipal do Patrimônio
Histórico Cultural uma cadeira naquele organismo municipal e com vivo interesse
pôde constatar e aprovar o projeto de restauração do Mercado do Bom Fim, que
tramitou por aquele Conselho.
Depois
de longo processo de discussão com a comunidade local, finalmente iríamos ver
concretizada a recuperação de um imóvel tão caro para a memória de um dos
bairros mais tradicionais de Porto Alegre. Infelizmente, no entanto, a atitude
da Prefeitura foi exatamente contrária a todo e qualquer conceito
preservacionista: demoliu implacavelmente o bem cultural. Embora as desculpas
de que o prédio estava em precárias condições estruturais, isto não era
suficiente para derrubá-lo, uma vez que temos, hoje, capacidade técnica para
resolver estes problemas tão freqüentes em bens culturais. Parra agravar a
situação, está sendo proposta a construção de uma réplica do prédio demolido, o
que do ponto de vista da preservação da memória é inaceitável.
Desta
forma, vimos, pelo presente, solicitar os esforços de V. Ex.ª no sentido de
analisar os fatos ocorridos e, se for o caso, apurar responsabidades.”
Queremos
fazer o registro, para que conste nos Anais desta Casa aquilo que já constou no
expediente, a carta recebida do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico do
Ministério da Cultura, manifestando a sua inconformidade com aquilo que o
Ministério da Cultura chama de demolição de um bem pertencente à cultura da
Cidade de Porto Alegre.
Senhor
Presidente e Srs. Vereadores, aguardamos, com uma expectativa muito grande, a
manifestação da Comissão de Constituição e Justiça desta Casa, conquanto
entendemos que a Comissão deve manifestar-se urgentemente sobre os aspectos
legais, uma vez que entendemos que nenhum patrimônio histórico e cultural da
memória da Cidade poderia ser demolido sem sequer a ouvida do Instituto do
Patrimônio Histórico e Cultural da Cidade de Porto Alegre, além do direito
ético de ter sido ouvida a comunidade local daquele entorno.
Portanto,
Srs. Presidente, essa é a nossa manifestação e o registro que gostaríamos de
fazer em defesa da memória e da preservação daqueles valores essenciais da
cultura e também daquela cultura que bate em cima da preservação e do resgate
histórico da memória da nossa Cidade. Se não fizermos isso, se não estivermos
permanentemente preocupados com a preservação dos bens culturais da nossa
Cidade, nós estaremos fadados a ser uma civilização de terceira e quarta
categorias, e jamais uma civilização preocupada com as raízes e com a memória
histórica da nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Ver.ª Sônia Santos está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje
cedo, pela manhã, quando buscava informações nos jornais da Cidade, deparei-me
com algumas que me deixaram bastante entristecida, ou quase chocada. Num dos
jornais, nós encontramos os seguintes textos, dos quais eu faço a leitura para
que fiquem registrados e para que V. Ex.as tomem conhecimento na
íntegra:
“O caso do Loteamento I. Há um ano, uma área de 36 hectares do DMHAB na Zona Norte, o loteamento Timbaúva, foi ocupado por vinte famílias. Como a ordem da prefeitura foi não despejar, prometeram reassentar a turma. Faz comissão aqui, cadastra ali, os vinte viraram quinhentos e depois setecentos. Para dar casa a esse pessoal, o DMHAB comprou uma área bem menor no Jardim Protásio Alves, nº 10.159. Bom para o proprietário, que passou adiante os irregulares que lá moravam.
O
caso do Loteamento II. Pouco antes das eleições, a Prefeitura contratou uma
empresa de mudanças para levar a turma em um prazo de cinco dias, a um custo de
mais de 300 reais por mudança, sem licitação, com carta-convite. Como choveu, a
empresa não conseguiu cumprir a tarefa. Veio a cobrança, só que o contrato,
mal-feito, dava razão à empresa. Foi feito um novo e a tarefa finalmente foi
concluída, mas não existe água corrente e o esgoto corre a céu aberto.
O caso do Loteamento III. Os lotes são de 4x12 e 4x18 metros, quando o Plano Diretor prevê um mínimo de 5x25 metros. A área é de preservação ambiental, encostada no morro Santana, mas não impediu a derrubada de mata nativa. Foi feita uma saibreira sem o OK da FEPAM, sem o EIA-Rima. Resta perguntar por que se exige EIA-Rima de um Supermercado, como o Carrefour, e não de uma saibreira. Com a palavra o Ministério Público. E os Vereadores”.
A
matéria encontra-se na página 03 do Jornal do Comércio, data de 20.11.1998. Se
formos olhar ponto a ponto desse texto, encontramos diversas irregularidades, e
pergunto: se houve, efetivamente, um erro por parte do Município, um ilícito
ambiental, se houve erro contra o erário, se houve um desrespeito aos padrões
de loteamento, se não foi feito um estudo de impacto ambiental tampouco
consultada a FEPAM, penso que o DEMHAB ou alguém da Prefeitura deve vir a esta
Casa para prestar esclarecimentos. Com certeza o Ministério Público da mesma
forma vai-se manifestar.
E
é importante que isso aconteça porque estamos exatamente, neste momento,
discutindo o II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Exatamente
nesse momento em que discutimos essas questões e que foi inserida a questão
ambiental no título desse projeto, que não tinha no anterior - era Plano de
Desenvolvimento Urbano, e agora é Ambiental - ou seja, a própria Prefeitura
está destruindo as reservas naturais que a nossa Cidade tem. É uma questão que
deve, urgentemente, ter esclarecimento por parte da Prefeitura. Se não houver,
corre-se o risco de a Prefeitura perder a idoneidade exatamente no momento em
que discutimos o II Plano Diretor.
Há
um ponto muito curioso nessa matéria porque são recidivas falhas do Município,
porque, exatamente há um ano, desta tribuna, eu levantei uma questão em que o
DEMHAB tinha ordenado o corte de fornecimento de água para aquelas famílias do
Timbaúva, e aqui, ouçam “... não existe água corrente, o esgoto corre a céu
aberto.” Isso é um desrespeito para com aquelas pessoas, é um desrespeito para com
a Cidade.
Acho
que o Município deve se manifestar, esperamos, da mesma forma, manifestação do
Ministério Público para que isso seja esclarecido, senão teremos que tomar um
cuidado redobrado, porque, se em pontos tão simples a Prefeitura não cumpre, em
princípios tão simples, o que diremos do cumprimento do Plano que estamos por
aprovar aqui nesta Casa? Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se a
Torre de Pisa fosse em Porto Alegre a humanidade perderia esse precioso
monumento arquitetônico. O Ver. Isaac Ainhorn estava preocupado com o fato de a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre ter demolido aquele patrimônio histórico
da Cidade, o Mercado do Bom Fim.
Ele deve saber que a Prefeitura deve
ter pessoa competente para saber que poderia ser recuperado, talvez com um
pouco mais de gasto, é verdade, mas talvez mais trabalho do que gasto, porque
eu tenho absoluta convicção de que a Prefeitura tem engenheiros competentes
para resolverem o problema, mas era mais fácil demolir.
A
Ver.ª Sônia Santos está preocupada com a falta de Relatório de Impacto
Ambiental no caso dos moradores que foram transportados de um lado para outro
pela Prefeitura. Mas a Prefeitura, Vera. Sônia Santos, só tem lei quando
interessa a ela, e o resto faz como quer. Saibreira? Na vila que foi feita
agora, parece que a Prefeitura esquece que há algum tempo tirou o Asmuz do
Morro Santana, onde havia uma saibreira e uma pedreira. Quando interessa, a
Prefeitura faz como quer.
A
Prefeitura autorizou o shopping-papel, que agora é o shopping do Bairro
Cristal, mandando para esta Casa um Projeto de Lei sem avaliação nenhuma.
Graças a Deus votei contrariamente, mas agora estou preocupado com as
avaliações com o valor de 40 reais o metro quadrado, feita uma alteração do
regime urbano para que pudesse fazer o shopping-papel ser o shopping do Bairro
Cristal, e que me prometeram mandar o Projeto em duas ou três semanas, para
fazer uma Comissão para analisar o Projeto, mas mandaram cinco meses e meio
depois, sendo que a primeira atitude foi a de pedir urgência. Nós ficamos
pensando: será que 54 mil metros quadrados só valeriam 2 milhões e 800 mil
reais? A Prefeitura que, aqui na Rua Loureiro da Silva, com o mesmo DEMHAB e
DMAE, com toda a estrutura, retirou moradores de dentro de casa, com máquinas,
sendo que as pessoas saíram daquele local direto para o pronto-socorro, devido
às suas idades e por problemas cardíacos. A Prefeitura faz tratamento
diferenciado, conforme o seu interesse momentâneo. Quando demoliram as casas
com as pessoas dentro, eu não vi ninguém da Bancada do PT - que sempre reclama
quando há uma emissão de posse - ir ao local defender aqueles moradores. A
Prefeitura tem dois momentos e escolhe o que lhe serve em determinada hora.
Então
não há motivo para preocupação, porque eles vão continuar procedendo assim, se
não tomarmos medidas mais enérgicas em relação ao que a Prefeitura faz, ditando
cátedra, fazendo como bem entende, interpretando a lei como lhe convém naquele
momento. Então, faz carta-convite malfeita, não fazem o transporte e pagam duas
vezes. Faz carta-contrato para contratar monitor na saúde, a 150 reais, por um
regime de 20 horas semanais. Parece, assim, que a Prefeitura pode dispor da Lei
Orgânica, pode dispor da Constituição, ao bel-prazer do Prefeito, dos seus
Procuradores e do seu Secretariado.
Portanto,
não há porque se preocupar, Ver. Isaac Ainhorn, Ver.ª Sônia Santos, que, se nós
não tomarmos providências enérgicas, eles vão continuar fazendo o que têm feito
até hoje, sem que nada ocorra. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
Registro, na Pauta, um projeto que deve ser aprofundado por este Plenário, que
é o projeto que trata de estabelecer, no Município, um programa de incentivo ao
primeiro emprego. Eu gostaria de fazer o destaque, porque, no conteúdo deste
PLL nº 153/98, nós tratamos de
incentivar o primeiro emprego, mas relacionamos este incentivo a reduções de
taxas de tributos no Município.
Eu
tenho a compreensão de que todo o incentivo que parta da diminuição de receita é
um incentivo que privilegia uma pessoa e prejudica o conjunto da sociedade.
Faço este registro para dizer que os incentivos que estão sendo dados, hoje, em
nível de incentivos fiscais, privilegiam um grupo de pessoas e prejudicam a
coletividade, a sociedade. Portanto, nós temos que fazer o debate sobre as
formas de gerar emprego, mas não podemos, na geração de um emprego, prejudicar
a coletividade toda, porque, hoje, a diminuição de receita significa menos
programa de saúde, menos sala de aula, menos política de assistência social,
menos investimento na infra-estrutura da cidade.
Gostaria,
também, de registrar e destacar o Projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz, PLCL nº
017/98, que trata de um tema de total importância, que é dar assistência
técnica ao morador que quer construir a sua habitação, uma orientação para que
faça a sua moradia de maneira correta, sabendo usar bem o espaço. Essa já é uma
luta, uma necessidade muito antiga do movimento de moradia, fazer com que se
constituam programas de assistência técnica a pequenas cooperativas, a pequenos
grupos e a moradores que precisam e buscam essa assistência, no sentido de que
possam ser melhor orientados na construção da sua moradia.
Outro
registro importante: hoje é dia 20 de novembro - Dia da Consciência Negra. Esta
Casa teve uma semana repleta de atividades, que finalizam amanhã com um jantar.
Na Sessão de hoje, de forma política, esta Casa deve fazer um registro.
Aconteceu um fato na Cidade de Porto Alegre, relacionado a uma agressão que uma
empregada doméstica negra sofreu nesta semana. Vou encaminhar um requerimento,
oficialmente, à Comissão de Direitos Humanos desta Casa para que acompanhe esse
fato, que é a agressão sofrida por uma empregada de um prédio, cometida por um
Deputado Estadual. Os registros nos jornais nos mostram que essa pessoa ficou
gravemente ferida. Portanto, a bancada faz essa discussão já, e solicito à
Comissão de Direitos Humanos que acompanhe essa situação que, do meu ponto de
vista, foi grave e que não teve o devido destaque pela imprensa e pelos órgãos
que são responsáveis pela apuração dessa questão.
Espero
que a Casa acompanhe e nos dê relatos de como está sendo encaminhada a
situação.
A Sra. Maria do Rosário: V. Ex.ª me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Renato Guimarães, quero registrar que suas
palavras são as da Bancada do PT, e dizer que, justamente na Semana da
Consciência Negra, no 20 de novembro, cabe a todos nós estabelecer essa
solidariedade e buscar nossa participação, porque esta Casa aprovou, há dois anos
um projeto de lei que proíbe a discriminação dos elevadores, e quando
apresentamos esse projeto de lei, de minha autoria, fizemos todo um debate com
o Movimento Negro no sentido de que isso fosse uma atitude justa em relação aos
servidores que, na sua maioria, são negros, em função da pirâmide social que
existe em nosso País. Obrigada pelo aparte.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Registro que na Sessão Solene realizada
nesta Casa sobre a Semana da Consciência Negra foi feito um comentário sobre o
fato de que ainda vivemos com essa realidade aqui no Brasil, ou seja, ainda
existem prédios que possuem elevadores de serviço cuja função não é essa, e sim
uma forma concreta de discriminação. Esta Casa tem a obrigação de acompanhar
este caso que ocorreu nesta semana e de manter os Vereadores informados. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para um Requerimento.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Requerimento): Peço ao Ver. Renato Guimarães que me
libere as cópias taquigráficas do seu pronunciamento porque gostaria de tomar
providências a respeito de uma agressão física sofrida por uma pessoa negra,
mas que se fosse branca também teria sofrido porque não foi um problema de
discriminação racial, mas pessoal. Isso está muito claro em todos os jornais,
porém esse assunto está sendo explorado de uma forma prosaica, principalmente
no Dia da Negritude Brasileira, que está sendo festejado por todos nós. Essa
festa não pode ser feita em cima de um incidente lamentável onde ambas as
partes o deploram.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, o Ver. Cláudio
Sebenelo solicita cópia taquigráfica do seu pronunciamento.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Com toda honra liberamos as cópias
taquigráficas do meu pronunciamento.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que
me traz à tribuna é o PLE nº 42/98 que trata, em 1ª Sessão de Pauta, da
autorização da abertura de crédito suplementar do Departamento Municipal de
Limpeza Urbana - DMLU -, no valor de 4 milhões e 145 mil reais.
Esse
projeto não é novo, e usualmente quando vem para esta Casa tem sido tratado
pelo conjunto das bancadas de uma forma rápida e sem dificuldades porque há um
entendimento sobre a importância e pela natureza essencial do serviço que o
DMLU executa na cidade de Porto Alegre, inclusive, com uma qualidade,
crescentemente, ampliada e aumentando o seu raio de ação dentro da Cidade ao
longo dos últimos anos. Portanto, quanto a isso, não há dúvida e, naturalmente,
coloco-me favorável e penso que, como sempre a Câmara e todas as Bancadas têm
atuado, não deve haver dificuldade de aprovação.
No
entanto, esse tipo de projeto me suscita um debate que precisamos, sempre,
registrar, ampliar e criar condições para que ele mobilize todas as forças
sociais e a população, de um modo geral, da Cidade, que é exatamente a produção
de resíduos. À medida que cresce a população, crescem os resíduos. Isso parece
natural, óbvio e imutável. No entanto, temos que fazer uma luta sistemática e
tomar medidas de educação ambiental e outras que incidam na produção do
resíduo, além de, naturalmente, cada prefeitura de cada cidade ter um serviço
eficiente de limpeza urbana, pela importância que isso tem para a saúde pública
e para proteção do meio ambiente. Na verdade, vivemos em uma sociedade que faz
um culto ao desperdício, um culto ao resíduo e, portanto, produz muito mais
material de descarte do que seria adequado, do que é correto, do que seria
preciso.
Há
uma célebre luta nos Estados Unidos, onde participaram inúmeras pessoas, que
foi contra um ponto específico, por exemplo, o Mc Donald’s; a quantidade de
embalagem que era colocada para um hambúrguer. Todos devem lembrar, em cada
coisa que se comprava no Mc Donald’s vinha um celofane, papel e um recipiente
descartável. Foi feita uma luta nos Estados Unidos, pátria originária do Mc
Donald’s, até que hoje, em nenhum lugar do mundo se usam tantas embalagens. Há
lugares, na Europa, em que o preço da embalagem vem discriminado no produto
final, o quanto em centavos a embalagem significa naquele produto. Ali mesmo,
no ponto de venda, a pessoa pode dispensar a embalagem, deixa-lo no ponto de
venda, diminuindo assim o valor do produto, impedindo que aquele resíduo se
torne um problema público, pois colocando o resíduo no lugar certo, deixa de
ser um problema ambiental, um problema de saúde.
O
Projeto de Suplementação de Verbas para o DMLU é um consenso na Casa e tem que
ser feito, porque é fundamental que haja um serviço público de qualidade, no
que diz respeito a este assunto. Nós temos que tratar da ponta originária do
problema, que é o que assola hoje a vida nos grandes centros urbanos, que é a
exagerada produção de embalagens e produção de resíduos. A indústria de
refrigerantes tem feito uma estratégia de otimizar lucros,
desresponsabilizando-se pelo armazenamento e pelo transporte de materiais.
Antes vendia-se embalagens de vidro, todo mundo tinha duas, três ou meia dúzia
de garrafas de cerveja ou refrigerante, levava-se, buscava-se, era uma forma de
reciclagem. Hoje as garrafas são de plástico e
viraram um problema, depois do uso do seu conteúdo e muitas vezes, as
embalagens vão parar nos córregos e nos rios. Enfim, é um absurdo que o planeta
esteja sendo infestado de plásticos.
Nós
temos que fazer, em todos os momentos possíveis, uma política que diminua o
desperdício de embalagens que a sociedade tem feito e que ataca gravemente o
meio ambiente e qualidade de vida. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo solicita Licença
para Tratar de Interesses Particulares no período de 25 a 27 de novembro do
corrente ano. (Pausa.) Em votação. Os Vereadores que aprovam o pedido de
licença permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Apregoamos
a Emenda nº 12, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, ao PLE nº 035/98 que estima receita e fixa despesa da Administração
Dieta do Município para o exercício econômico-financeiro de 1998.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, voltamos
a esta tribuna em virtude de uma solicitação feita, através de um Pedido de
Providências relativo à colocação de um semáforo na esquina da Rua Vasco Alves
com Duque de Caxias. Nós entramos com este Pedido de Providências no dia 9 de
março e recebemos uma resposta da Secretaria Municipal dos Transportes, dizendo
que os critérios mínimos, para a implantação do semáforo solicitado, não foram
atingidos. Diz a SMT: “a sinalização existente contempla, de modo seguro, a
circulação do local, tanto em relação à segurança do pedestre quanto à fluidez
viária”. Só que, desse período até agora, ocorreram, no local, mais seis
acidentes, um deles, na semana passada, de grande monta. É um local que está
próximo ao Poder Judiciário e à Escola Ernesto Dornelles, onde circulam
milhares de pessoas, a maioria crianças. Por isso, voltamos a enfatizar que há
necessidade da Secretaria Municipal de Transportes rever esse local, pois se ela
responde que é um local seguro e continuam ocorrendo acidentes, alguma coisa
está acontecendo. Ou o volume de acidentes é inexpressivo e considerado dentro
da previsão. Só que nós estamos lidando com vidas.
Já
que estamos falando de transporte, vamos fazer uma solicitação idêntica para a
Rua Monsenhor Veras, no Bairro Santana. Porto Alegre tem hoje 620 mil veículos,
a maior média per capita de
automóveis do Brasil, o que ocasiona inúmeras dificuldades quanto à fluidez do
trânsito na Cidade. Mas, na Rua Monsenhor Veras, que fica paralela à Vicente da
Fontoura, o motorista enfrenta o seguinte problema: numa quadra a rua não é
preferencial, na outra quadra é preferencial. Os moradores que têm carro ali
conhecem. O que ocorre? Na Rua São Luiz esquina com a Rua Monsenhor Veras, nós
temos depoimentos que nos últimos 60 dias já ocorreram mais de vinte acidentes,
ou seja, a cada dois, três dias está ocorrendo um acidente. A Secretaria
Municipal dos Transportes afirma que é difícil colocar ali um semáforo, já que
na quadra anterior existe um; então o que nós estamos sugerindo é que coloquem
um semáforo com o mesmo tempo, ou seja, quando abrir o sinal na Rua São Luiz
que se abra na Rua Monsenhor Veras. Essa é uma solicitação da própria
comunidade. Nós queremos resgatar é que essas alterações, que estão sendo
feitas no Município de Porto Alegre, são necessárias, mas, ao mesmo tempo,
temos que escutar a população, depois da implantação, para ver os ajustes que
têm de ser feitos. É essa a nossa solicitação: na Rua Monsenhor Veras,
enfatizamos com a Rua São Luiz, vinte acidentes num espaço de, aproximadamente, sessenta dias e, na Vasco
Alves com Duque de Caxias, onde já ocorreram acidentes inclusive com mortes, a
Secretaria coloca que é um lugar seguro. Nós queremos que esta discussão seja
ampliada porque está em jogo a vida da população de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
O
SR. PRESIDENTE: Há
quórum. Eu quero dizer aqui que são sempre bem-vindos aqueles que vêm até a
Casa do Povo de Porto Alegre assistir e acompanhar as nossas Sessões. Mas
quero, também, fazer um registro especial para um amigo meu, alguém que recebe
muito bem os Vereadores, quando vão até a Rodoviária, o Sr. João Veppo. Eu
quero cumprimentá-lo e, cumprimentando o Senhor, cumprimento a todos os que
estão presentes, hoje, em nosso Plenário.
Para
um Requerimento tem a palavra o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Requerimento): Faço um requerimento, Sr. Presidente, no
sentido de que o projeto da página 19,
PLL nº 086/98, seja o primeiro a ser apreciado na Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Está em votação o Requerimento do Ver.
Elói Guimarães. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Para
um Requerimento tem a palavra a Ver.ª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): É um Requerimento, Sr. Presidente, para
que, após o projeto da página 19, sejam apreciados os projetos das páginas 21,
22, 08 e 25, respectivamente PLE nº 032/98, PLE nº 033/98, PLL nº 045/97, PLE
nº 037/98.
O SR. PRESIDENTE: Está em votação o Requerimento de autoria
da Ver.ª Maria do Rosário. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam,
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Para
um esclarecimento tem a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL
(Esclarecimento): Peço
que V. Ex.ª considere que a Ver.ª Anamaria Negroni, autora do projeto, não está
presente para a votação.
O SR. PRESIDENTE: Acato a observação que faz o Ver. Pedro
Américo Leal, sobre a ausência da Vereadora autora do projeto.
Tem
a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro que esse
Projeto seja apreciado em último lugar.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, já existe um Requerimento,
aprovado, do Ver. Elói Guimarães, para que este Projeto seja o primeiro a ser
apreciado. O que pode ocorrer é um Requerimento para adiar a discussão ou a
votação.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu assinaria esse Requerimento, mas tenho
conhecimento que ele seria rejeitado, caso fosse apresentado, se ele fosse
aceito, eu votaria a favor, sem problema nenhum.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, estou vendo que há uma
supremacia esmagadora de uma maioria, independente de partido, que contraria o
bom senso. A Vereadora, autora do Projeto, não está presente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, existe a
possibilidade, regimental, de V. Ex.ª ou qualquer outro Vereador apresentar
Requerimento adiando a discussão ou a votação. Esses são os artifícios
regimentais que temos para serem utilizados.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, eu peço, oralmente,
Requerimento no sentido de transferir por duas ou três sessões a apreciação
deste Projeto.
O SR. PRESIDENTE: O Ver.
Pedro Américo Leal assina Requerimento, solicitando que a discussão deste
Projeto seja adiada por três Sessões. Em votação. (Pausa.) Não há inscrito para
encaminhar o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO, contra
os votos dos Vereadores: Elói Guimarães, José Valdir, Décio Schauren, João Dib,
Fernando Záchia e Paulo Brum.
O SR. HENRIQUE FONTANA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
sei que V. Ex.ª está conduzindo de forma absolutamente adequada os trabalhos,
mas como este Requerimento surgiu de uma maneira muito rápida, de uma hora para
outra, acho que é importante que haja a possibilidade de que alguém encaminhe.
Então, em Questão de Ordem, eu solicito que se, for possível, se abra para
encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE: Não, não é mais possível, Vereador,
porque o Requerimento foi feito, apregoado. Colocamos em votação e o Plenário
votou. Agora, o que é possível é fazer uma verificação de votação.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu solicito uma
verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE: Em votação a verificação de votação do
Requerimento do Ver. Pedro Américo Leal. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento por 7 votos SIM, 4 ABSTENÇÕES e 15 votos NÃO.
PROC.
1856/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 086/98, de autoria da Verª Anamaria Negroni,
que proíbe a realização de rinhas no âmbito do Município de Porto Alegre.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;
-
da CECE. Relatora Verª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto;
-
da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- discutiram a matéria os Vereadores: E.
Guimarães; P. Brum; J. Valdir; A. Losada; P .A. Leal; I. Ainhorn; M. Rosário;
C. Sebenelo; J. Dib; R. Guimarães; G. Barbosa; E. Sabino; A. Sell e C.
Ilgenfritz.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral e votação o PLL nº
086/98. Solicito ao Ver. Juarez Pinheiro que assuma a presidência dos trabalhos
para que eu possa encaminhar o Projeto.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Com a palavra o Ver. Luiz Braz para
discutir.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras
e Senhores, confesso que tinha uma posição, Ver. Pedro Américo Leal, muito
embora como Presidente não vote, a não ser no caso de empate. Mas, não gosto de
esconder minhas posições. Eu tinha um posicionamento totalmente favorável ao
projeto. Os motivos são óbvios, nunca assisti a uma rinha, sempre ouvi falar
das rinhas, mas nunca as assisti. Assisti a touradas, através da televisão, e
nelas o toureiro entra na arena já com o objetivo de matar o touro. Raras são
as vezes em que o touro consegue vitória e acaba matando o toureiro, mas
geralmente acontece uma morte na arena. O caso das lutas de boxe, onde se
registram mortes sobre a lona. É claro que são casos raros, mas se registram
mortes.
Fui-me
inteirar sobre o que acontecia nas rinhas. o Ver. José Valdir diz que é um
grande conhecedor, foi criado nas rinhas. O Ver. Elói Guimarães também já falou
do seu conhecimento sobre rinhas.
Acredito
que a Ver.ª Anamaria Negroni, também, tem um grande conhecimento sobre rinhas,
porque apresentou, aqui, o seu projeto.
Descobri
a respeito dos galos, inclusive, uma informação que havia sido trazida pelo
Ver. Elói Guimarães: que os galos de rinha têm uma vida média de dez anos.
Fiquei sabendo, depois de outras informações, que eles lutam até, mais ou
menos, quatro anos, e, depois disso, eles são utilizados como reprodutores. E
aí, comecei a entender uma afirmação do Ver. Elói Guimarães que dizia que na
próxima encarnação quer ser galo de rinha.
Descobri
que o galo de rinha, aqui no Sul, quando está em luta, tem uma diferenciação
daquele galo que entra na rinha, no Norte, com relação aos esporões, pois os
esporões utilizados aqui no Sul não são usados para matar o galo. É claro que
existem mortes, mas de acordo com informações que recebi, as mortes que
acontecem dentro dos rinhadeiros não são freqüentes; o mais comum é que o galo
possa prosseguir, ter outras lutas e ter uma vida mais longa do que todos os
outros galináceos.
Eu
acredito que se essa proibição for aprovada, nós teremos que começar a discutir
aqui outras proibições. Até não digo que sejam justas ou injustas, mas acredito
que isso não pode ser tratado de forma isolada, porque temos que começar a
discussão sobre todos os esportes que possam ocasionar algum tipo de lesão
maior ou a morte, tanto aqueles esportes que utilizam animais, como as
touradas, as gineteadas e as carreiras. E o Ver. Elói Guimarães me falava,
também, sobre jogo de futebol, onde um goleiro do Juvenil do Grêmio saiu
inconsciente do gramado, depois de ser atingido na cabeça, onde poderia,
inclusive, ter ocorrido morte.
Nós
até temos registros de que em alguns casos ocorrem mortes em jogos de futebol,
embora se saiba que os atletas não entram lá para isso.
Eu
fiquei mais tranqüilo para apreciar este Projeto no Plenário, depois de saber
que os galos, aqui no Rio Grande do Sul, não entram no rinhadeiro com o
objetivo de morte; eles entram com o objetivo de luta, e se o objetivo é luta,
ele está vinculado a um esporte que é bem parecido com outras modalidades que
nós já citamos e algumas que deixamos de citar, mas que também podem ocasionar
lesões, que podem ser tão graves que levem algum adversário à morte.
O
nosso posicionamento, muito embora nós não estejamos entre aqueles Vereadores
que votam a matéria, o nosso objetivo é exatamente contrário à pretensão da
Ver.ª Anamaria Negroni. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Hélio Corbellini está com a
palavra para discutir o PLL nº 086/98.
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nesses
dois anos eu não me lembro de um projeto que tenha sido aqui discutido e que
não tenha sido questão fechada em nenhuma das bancadas. Nenhuma bancada fechou
posição em relação a esse projeto. Há divergências em todas as bancadas,
posições pró e contra. Eu não ia, na sessão passada, como o Sr. Presidente, me
manifestar, mas refleti, de quarta-feira para cá, em cima do que foi dito dessa
característica, e muito mais, porque somos Presidente da Comissão de Direitos
Humanos. Foi dito aqui que o galo rinheiro é um animal de luta; foi dito que é
tradição; foi dito que é cultura; foi dito que é esporte, mas também foi dito
que é um esporte cruel, lido por um Vereador, na definição na Enciclopédia
Barsa. E ele é absolutamente cruel. Mas não é verdade, parece-me, que o galo
seja um animal que tenha nascido para a rinha, porque não é esporte, a rinha é
um jogo. É um jogo que visa a eliminar o oponente. E a natureza do animal só
elimina para seu alimento, e só elimina o fraco, dentro de uma cadeia de
equilíbrio na natureza. O leão mata a corsa que está fraca; o tigre mata a
zebra que está doente. E assim ela vai selecionando para que os animais fortes se
perpetuem. É assim na natureza, e ele só luta para também ser preservado, como
também foi dito aqui, para disputar as suas fêmeas, porque aquele que vence o
forte pode preservar mais a sua espécie. Essa é a natureza do animal.
Hoje
se discute no mundo uma quarta geração de direitos, que é o direito do animal e
do meio ambiente, e há aqueles que dizem que esse é o debate que vai passar e
perpassar ao terceiro milênio. Já temos a quarta geração de direitos, que são
os direitos dos animais. E essa questão é cruel, é maldade. Quando eu vinha
para cá, alguém disse que era por questão de dinheiro. Torturem alguém, na
praça, e cobrem, para ver se não vai dar dinheiro, porque isso libera instintos
animalescos ainda entre nós. Foi dito que é tradição tirar o clitóris das
mulheres africanas, e é tradição daquela cultura, mas não é por isso que vamos
aceitar. Os gladiadores eram colocados no circo romano para se matarem, era
cultura e tradição naquela época. Agora, tudo que é tradição, a nossa cultura é
quem vai transformando, na medida em que vamo-nos civilizando.
O
homem, pelo menos eu acredito, foi feito para a paz, harmonia, solidariedade
com todos os entes da natureza, racionais, irracionais e vegetais, com todos os
sentidos da natureza. Enquanto não tivermos essa integração plena, nós vamos
ter problemas. O nosso sentimento e o trato com esses seres, que são os
animais, representam muito do nível de desenvolvimento da nossa civilidade e da
nossa cultura. Então, eu venho apoiar, sim, o Projeto da Ver.ª Anamaria Negroni,
porque penso que é um absurdo -, mesmo indo contra aqueles que consideram uma
tradição. Não considero que seja cultura, porque não agrega nada a nossa
civilidade, não agrega nada ao aperfeiçoamento da nossa civilização e nem a
nossa educação. Não é cultura, é esporte e é tradição, e tradição que um dia
tem que ser eliminada. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra, mas cede seu tempo ao Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero,
inicialmente, agradecer ao Ver. Juarez Pinheiro, que tem posição diversa da
minha. Tivemos oportunidade de debater esse assunto amplamente na última
Sessão, e venho à tribuna nessa fase de discussão em face de algumas alusões equivocadas,
salvo melhor juízo, aqui trazidas pelo Ver. Hélio Corbellini. Não sei se S.
Ex.ª conhece a atividade, o esporte, a criação e mesmo o embate que se dá entre
os galos. Quero dizer que o galista é um preservacionista. A espécie do galo
combatente se deve especialmente ao preservacionista, ao galista, não fosse
ele, essa espécie, como tipologia, já teria se extinguido. Acho interessante, e
todos entendemos que é necessário manter-se a preservação das espécies e
preservar muitas, não só as domésticas como as silvestres que estão em extinção
e é preciso salvá-las. Entendo que o galista é um preservacionista.
E
gostaria que todos conhecessem o rinhadeiro, conhecessem as denominadas
coudelarias, para se ver como o pinto, as matrizes, o galo e a galinha são
tratados. E tenho dito reiteradamente, se há uma acusação que se pode fazer ao
galista, é o fato de ele tratar o galo como se uma pessoa fosse. São tais os
cuidados que ele trata como uma pessoa, e o faz corretamente. Até o vento, o
galista não deixa o galo no vento, no sol em excesso; as gaiolas, a medicação,
todo o sistema de defesa da ave é cuidado. Estamos diante de preservacionistas,
aqueles que preservam a espécie, aqueles que preservam as aves. Por isso fiz
aquela figura de retórica, quando discutia, na Sessão passada, que na outra
encarnação quero vir galo de briga, sabem por quê? Porque a ave galinácea é a
que mais dura, o galo de briga dura 10, 12, 15 anos; as demais aves, Ver.ª
Anamaria Negroni, são abatidas no primeiro ano.
Se
a questão é a crueldade, se está ligada a essa visão, V. Ex.ª deve concordar
comigo, a visão de maus-tratos deve ser objetiva, ela não pode ser subjetiva,
não pode estar adstrita a minha subjetividade, porque eu posso dizer que o
embate futebolístico, e até, numa visão que eu possa ter, teria que terminar
com o futebol, porque, no futebol, o embate pela posse da bola é uma verdadeira
disputa. Examinemos as canelas dos jogadores de futebol! No último embate o
goleiro sofreu uma queda. Se vamos analisar pela crueldade, teremos que
incorporar uma série de esportes que, segundo a visão de uns, é subjetiva.
Maus-tratos: ou não é mau-trato?
A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Muito grata pela consideração. Vereador,
surpreendo-me muito, V. Ex.ª, como um representante da sociedade, estar
defendendo, de uma forma tão ferrenha, a posição contrária a este Projeto.
Realmente isso me surpreende.
Na
realidade o seu posicionamento, dizendo que o galista seja preservacionista,
realmente não tem acolhida. Se ele trata o galo como se fosse uma pessoa -
entre aspas -, ele trata porque essa “pessoa” vai dar lucro para ele, porque na
realidade o nosso Projeto fala em crueldade, mas o seu maior objetivo é
terminar com as apostas, o jogo. O Senhor participa de rinha de galo, de
aposta, etc.?
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Participo, sou criador do galo
combatente. A questão dos maus-tratos é subjetiva e é matéria que temos que
tratar objetivamente. Imaginem que no Prado, não sei se a Vera. Anamaria
Negroni conhece as carreiras realizadas no Cristal, sendo no grande Prêmio
Bento Gonçalves, o cavalo corre dois mil e quatrocentos metros. Nesse caso,
poderíamos encarar como maus-tratos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila inscreve-se para
discutir e cede seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
assunto em torno do Projeto da Vera. Anamaria Negroni enseja uma polêmica, um
debate amplo, intenso, sobre um tema que já foi vetor de uma crise
político-institucional. Para chamar a atenção, nos anos 60, o então Presidente
Jânio da Silva Quadros proibiu a rinha de galo em todo o País, e foi uma lei
que não prosperou, não se impôs, porque a lei boa impõe-se pelo bom senso, e as
pessoas a acatam. A lei que fere a tradição, costumes e cultura tende a se
tornar uma lei inócua, sem obediência, sem uso e rigorosamente foi isso que
aconteceu com o então decreto do Presidente Jânio da Silva Quadros, proibindo a
rinha de galos.
Nessa
questão, além da questão propriamente jurídica, que seria uma preliminar da
avaliação, se esta Câmara tem ou não competência para decidir e deliberar sobre
matéria dessa natureza, com tantas outras preferencialmente colocadas em
importância, do ponto de vista da competência legal, quando sabemos que,
juridicamente, já existe matéria tratando sobre essa questão em nível federal e
os tribunais têm, inclusive, dificuldade na sua auto-aplicabilidade. Essa é uma
preliminar que estou suscitando da competência desta Casa.
De
outra parte, duas questões entendo como essenciais: uma suscitada pelo Ver.
José Valdir, que foi a questão da cultura, da tradição, do enraizamento em uma
cultura popular da nossa gente, do nosso povo. De outro lado, com a questão
suscitada pelo Ver. Elói Guimarães, aqui da tribuna, que envolve o debate sobre
a proibição da rinha de galo. E aí teríamos que proibir, se é que há
competência nossa sobre a matéria, inúmeros outros espetáculos esportivos,
fortes, violentos aqui na Cidade de Porto Alegre. De repente, deveríamos
intervir até nas regras do futebol, que é violento e atinge os humanos num
embate, no hoje chamado “futebol força”, no futebol que, mesmo com o respeito
pelo adversário, muitas vezes se envolvem em situações terríveis. E o automobilismo
que ceifou a vida de tantas figuras expressivas. Invoco aqui aquela figura que
foi orgulho nacional, Airton Senna. É violento, um esporte com alto risco de
vida. Os rodeios, as gineteadas, tiro de laço e outros tantos que não mereceram
a atenção legiferante da Vera. Anamaria Negroni.
O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) E esses esportes que nós nomeamos, Ver. Isaac Ainhorn, têm a ação
do homem sobre o animal. E, na rinha de galo, não, eles estão em condições de igualdade,
com regras e com juiz controlando.
O SR. ISAAC AINHORN: Em condições de igualdade, é o animal
contra o animal. Nós não podemos abdicar de algo que é da natureza de algumas
espécies, que é a natureza guerreira dessa ave; a natureza de luta dessa ave.
Nós vamos, aqui, estabelecer regras, dizendo como devem os animais se comportar
ou proibindo expressões da tradição e da cultura popular?
Encerrando,
Sr. Presidente, acho que devemos votar contrariamente a este projeto por todas
as razões aqui trazidas e aduzidas. Muito obrigado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para
discutir o PLL nº 086/98.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a discussão que se estabelece coloca argumentos
importantes de ambos os lados. Fiz questão de me inscrever na discussão, para
colocar uma posição pessoal, mesmo porque o encaminhamento seria uma posição
partidária.
Eu
entendo que esta questão se insere dentro de um contexto bem maior de normas que
combatem a violência, de normas que desestimulam qualquer sentimento de sadismo
ou lucro com o sofrimento dos animais; de normas que existem, e o nosso Direito
Positivo já contempla, proibindo os maus tratos aos animais.
Eu
não tenho convicção de que se deva tratar com legislação municipal tal matéria,
mas tenho a convicção de que, ao longo da história da humanidade, os costumes
bárbaros foram superados sim através de discussões que se incorporaram à
cultura e também de legislações que fizeram a própria cultura. É importante que
tenhamos claro que, muitas vezes, determinados aspectos de nossos costumes
podem e devem ser superados e sabemos que ali, no rinhadeiro, por maior
tradição que exista, por mais incorporado que esteja ao sentimento e as disputas
que poderiam superar outras que seriam piores em outras áreas, é sim uma
violência a qual o animal envolvido não tem qualquer alternativa. Vejam bem,
não é uma disputa normal e natural que se estabelece no campo próprio da
natureza. Ali é um tablado onde a alternativa é a vitória ou a morte do animal
e isso temos que ter claro na hora da votação. Esse é o dado real, não que os
outros argumentos não sejam importantes, eles o são. Agora, a evolução dos
costumes se dá sim, muitas vezes, através de legislação. Aliás, já tivemos na
história da humanidade, sem querer estabelecer relações, apenas em termos de
legislação, pessoas que gostavam de ver homens e mulheres brigando e morrendo
no período da Idade Média e que foi superado pela civilização e pela legislação
que proíbe sequer a aparência de espetáculos daquela natureza.
Por
isso, Sr. Presidente, em uma questão como esta, temos que ter em mente o
contexto no qual ela se insere e por isso o meu voto é favorável ao Projeto da
Vera. Anamaria Negroni. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver.ª Tereza Franco está com a palavra
para fazer um registro.
A SRA. TEREZA FRANCO: Gostaria de registrar o Dia da
Consciência Negra e agradecer a Deus que me deu a honra de poder falar hoje
aqui na Câmara de Vereadores como autoridade, como Vereadora negra que sou, e
gostaria que hoje, em muitas Câmaras de Vereadores, existisse uma negra tendo
esse direito de falar, como estou falando. Gostaria de discutir o Projeto.
O SR. PRESIDENTE: V. Ex.ª pode se inscrever e falar a
respeito do Projeto. Gostaria de dizer que este Plenário se orgulha muito em
ter V. Ex.ª entre os pares desta Casa.
A Ver.ª Tereza Franco está com a palavra
para discutir o Projeto.
A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
dizer que vou votar contra o Projeto. Eu era menina e já existiam as rinhas de
galo, não será de um dia para outro que vamos terminar com isso. Eu, como “nega
de vila” que sou, penso que o problema das vilas é muito maior que as rinhas de
galo. Vou discordar da nobre Ver.ª Anamaria Negroni, mas o meu voto será
contrário, pois sei que as vilas estão cheias de problemas que trago todo o dia
da Rádio para resolvermos, aqui, com os Vereadores.
A Sra. Anamaria Negroni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Ver.ª Tereza Franco, gostaria de colocar para V. Ex.ª que muitas
coisas, realmente, são importantes. Quanto às rinhas de galo, talvez, acho que
V. Ex.ª não tenha se aprofundado no assunto, mas, na realidade, são apostas, é
um jogo. Ao invés dessas pessoas irem lá apostar, quem sabe não apostassem um
pouco mais para ajudar as crianças da vilas, como V. Ex.ª pretende, como todos
nós, aqui, pretendemos uma vida melhor com mais dignidade para as pessoas que
sobrevivem nas vilas? Penso que o Projeto é de suma importância, não é como V.
Ex.ª está vendo. A importância dele é tão grande que o debate iniciou na última
Sessão plenária de quarta-feira e continua hoje. Nós não estaríamos discutindo
uma coisa se ela não fosse tão importante. Desculpe, Vereadora, e grata pela
atenção.
A SRA. TEREZA FRANCO: Ver.ª Anamaria Negroni, o Projeto é de
grande importância, mas continuo com a minha palavra e não vou votar a favor,
porque a minha cabeça não pensa assim. O que seria do verde se todos gostassem
do amarelo? Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta se inscreve e cede o
seu tempo ao Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
verdade, este Projeto suscitou tantas dúvidas que deveria, a sua discussão, ser
transferida para outra Sessão. O Plenário, com uma maioria assustadora
favorável ao Projeto, não foi sensível a isso. Os galistas disfarsados em
Vereadores e Vereadores disfarsados em galista, praticamente, diante de uma
maioria estarrecedora, convenceu a todos e nos levaram a essa derrota que, na
verdade, muito os satisfaz, mas muito os diminui. Por quê? Eu acho que o Ver.
Elói Guimarães teve uma atitude nobre, porque ele como Presidente da Comissão
de Constituição e Justiça, me lembrou o Vereador Sabino, votou pela aprovação
do Projeto, na Comissão. Por quê? Porque, tecnicamente, ele não via,
absolutamente, nenhum óbice em se pronunciar a favor de que o Projeto viesse
para o Plenário. E isso é o que está ocorrendo. Ele veio para o Plenário e está
sendo discutido politicamente. É assim que nós pregamos isso e é isso que deve
ser numa casa política. Parabéns a V. Ex.ª, porque V. Ex.ª atuou como estudioso
do Direito. Certo, o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça julgou
que deveria vir ao Plenário, mesmo sendo contra as suas idéias. Meus parabéns.
É diante do exame político desse Projeto, o Plenário que decide isso.
O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Pedro Américo Leal, a questão da crueldade não consta no
Projeto. A crueldade já está disposta na Lei de Contravenções Penais, art. 64,
que diz: “Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo...” Eu
acho que para a crueldade nós não temos que fechar nada, nós temos que punir.
Não é o caso do Projeto da Ver.ª Anamaria Negroni, que não tem nada a ver com
crueldade, é uma subjetivação não-embutida, no Projeto, por V. Ex.ª. A Ver.ª
Anamaria Negroni entende de fechar os rinhadeiros, talvez amanhã, numa evolução
subjetiva, fecharemos o Jockey Club, os hipódromos, etc.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Ex.ª está me explicando o seu
raciocinou como advogado e Presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
Não é isso o que estamos fazendo agora. Nós estamos avaliando se este Projeto é
exeqüível ou não. Diante da sugestão da Ver.ª Anamaria Negroni, o que é que nós
vamos fazer? Nós temos que decidir de que lado ficamos, se ficamos contra ou a
favor das rinhas. Eu conheço pouco de rinhadeiros, mas sou contra, porque o cavalo,
Ver. José Valdir, que vai ao combate, leva o cavaleiro, o cavaleiro se
sacrifica com o cavalo, ele morre junto. É muito diferente! Eu raciocinei
bastante procurando uma razão para justificar a própria arma de Cavalaria, mas
o homem morre com o animal, isso é muito diferente.
No
rinhadeiro há um espetáculo, para regozijo de poucos. Claro que emprega muita
gente, sou sensível a isso. É um espetáculo, não deixa de ser, ali se colocam
pessoas para admirar, para poder avaliar a bravura de um galo frente a outro
que cai vencido, abatido pelo seu contendor. Nós estamos votando isso! Não se
iludam os senhores galistas com jogos, nós estamos votando se somos a favor de
um espetáculo que inclui a crueldade ou não, e mais nada! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Ver.ª Anamaria Negroni está com a
palavra para discutir.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Senhoras e Senhores
Vereadores, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, leio, na Enciclopédia Barsa, o
seguinte: “Galos, rinha ou briga de galos. Desde os tempos remotos, as brigas
de galo constituem uma diversão popular na Índia e em tantos outros lugares”.
Isso é algo que já existe há muitos anos, aqui está escrito, inclusive quem me
forneceu esse material, por engano, foi o nobre Ver. Isaac Ainhorn, que veio
aqui nesta tribuna falar contra o Projeto. Só que ele leu uma parte, e nós
vamos ler a outra parte, a que nos interessa: “Espetáculo cruel e sangrento, em
que as apostas são a principal finalidade” - Ver. Pedro Américo Leal -, “tende
a desaparecer nos países civilizados” - Ver. Hélio Corbellini.
Essa
história de rinhas de galo já vem há muitos anos sendo debatida, já foi,
inclusive, proibida no nosso País. Dizer que é cultura, como o disse aqui o
Ver. Hélio Corbellini, que cultura é essa? O que nós podemos passar para os
nossos filhos? Eu acredito que esse tema deveria ser colocado nos colégios, com
ênfase à preservação, aos cuidados com os animais, etc., pois começa ali, e na
nossa casa também, esse tipo de preocupação. Aquela criança que tenta afogar o
gato, que mata passarinho, que faz n coisas
com os animais, chuta, etc., não pode vir a ser um adulto realmente com a
cabeça no lugar, uma pessoa que possa passar coisas boas para seus filhos, para
seus netos. Eu vejo assim! Eu fui criada de outra maneira. Eu fui criada de
maneira a saber que temos que cuidar dos animais que temos em casa, que não
temos de fazer judiaria - ou judiação, como queiram - e eu acho que esse é um
princípio básico, muito singelo, dentro da criação, da formação, da educação de
uma criança.
Então,
hoje, quando nós vemos filhos matando o pai, etc., inclusive não gente pobre,
mas gente rica, nós perguntamos: por que isso? É só procurar saber como é que
essa criança foi criada. Ontem eu conversava com um amigo sobre rinhas de galo,
um advogado português, e ele me disse: “Eu, em Portugal, quando era pequeno,
ganhava uma caixinha por semana para matar os passarinhos. Hoje eu tenho
vergonha de dizer que fazia isso.” Então, nós crescemos, e quando chegamos a
uma idade, como eu, com quase quarenta e quatro anos, - e não fiz nenhuma
maldade com nenhum bicho na minha vida - deveríamos parar para pensar e
chegaríamos à conclusão de que não se faz isso, e essa foi a conclusão a que
chegou esse meu amigo, confessando que tinha vergonha de dizer que atirava com
espingarda de chumbinho nos passarinhos.
Eu
acho que há muito mais do que uma simples defesa com relação a esse Projeto.
Deixo esse ponto de interrogação. Vou pedir a votação nominal do Projeto para
que Porto Alegre saiba como é que os Vereadores desta Casa se comportam, pois
fala-se tanto em preservação ambiental e animal e, neste momento, estão sendo
contra um Projeto em defesa dos animais. A minha maior preocupação é com as
apostas, a exemplo do que ocorre no jogo do bicho, que deveria ser proibido,
pois é uma contravenção penal. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos as Emendas nºs 02 e 03, de
autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, ao PR nº 037/98 que altera disposições da
Lei nº 5.811/86, que estabelece o Sistema de Classificação de Cargos e Funções
da Câmara Municipal e alterações posteriores.
Encerrada
a discussão do PLL nº 086/98. Em votação. A Ver.ª Anamaria Negroni está com a
palavra para encaminhar.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, volto à
tribuna para dizer que eu gostaria, em primeiro lugar, de fazer um aviso aqui
aos senhores chefes de gabinetes e aos Srs. Vereadores de que se trata de um
Projeto importante e não estou vendo número suficiente de Vereadores para
votá-lo. Eu vejo que os Vereadores estão querendo se omitir de dar o seu
parecer com relação a esse Projeto. Então, eu faria essa solicitação, de forma
pública, para que chamassem os Vereadores para que eles pudessem colaborar com
o povo Porto Alegre, votando esse Projeto. Falou-se tanto aqui que a natureza
do galo de rinha é ser bravo, de briga, e esse mesmo argumento é usado na
Espanha, pelos apreciadores da tourada, em que o toureiro é colocado em
igualdade de condições com o touro, este com a sua força e aquele com a sua
inteligência, para ver qual vai permanecer na arena.
Eu
achei bastante estranha a posição do Ver. José Valdir quando ele disse que era
a favor das rinhas de galo e era contra a farra do boi e contra a tourada. Eu
acredito que se formos à Espanha e perguntarmos a respeito das rinhas de galo,
eles dirão que são a favor das touradas, mas são contra a farra do boi e as
rinhas de galo. Deve ser alguma coisa nesse estilo, as pessoas gostam sempre de
achar aquilo que, inclusive, é uma prática da família dele - o pai dele tinha
rinhadeiro. Então, as pessoas consideram certo o que tradicionalmente fazem; o
que os outros fazem está errado.
Mas,
na verdade, nas rinhas de galo, na tourada, na farra do boi, em todas essas
práticas se usa a crueldade. Nas rinhas de galo há ainda a aposta, que é o
cerne dessa questão. Nós falamos aqui em crueldade, mas o ponto máximo desse
Projeto é a proibição das apostas. O Projeto é um todo; com sua aprovação nós
evitaríamos a crueldade ligada às apostas.
Eu
vejo o Plenário com muitas pessoas desconhecidas. Creio serem donos de
rinhadeiros. Acho bom a Câmara dar uma focalizada nesse pessoal para, amanhã,
nós sabermos quem são os donos de rinhadeiros em Porto Alegre. Essas pessoas
estão aqui fazendo o seu “lobby”. Por quê? Porque existe muito dinheiro
envolvido nisso.
Este
Projeto já não passou nesta Casa e, provavelmente, com a ausência de tantos
Vereadores, ele não passe novamente. Eu gostaria que o povo porto-alegrense
verificasse, ao final desta Sessão, quais os Vereadores que votaram contra ou a
favor dele. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu vou
repetir o que já disse, nesta tribuna, hoje: lei deve ser fruto da razão, da
experiência, da luz; lei deve ser fruto do conhecimento profundo de um fato
social para que, sobre ele, se legisle, e não apenas um sentimento, uma
intuição, uma vontade.
Já
disse que se há uma preocupação com os galináceos, teríamos que nos preocupar
muito mais com os frangos que são abatidos aos 59 dias de vida e que são
criados com as luzes acesas, para que se alimentem de forma muito maior do que
a natureza dos galináceos exige.
Deveríamos
nos indispor com a exploração da galinha para que ponha mais ovos do que a
natureza determina.
Realmente,
tem que conhecer o problema. Porque dizer que há muito dinheiro envolvido nas
rinhas de galo, há muita gente com dinheiro, tudo bem. Há dinheiro envolvido,
sim. Hoje fiquei pasmado quando soube que mais de mil pessoas trabalham com
galos de briga em Porto Alegre e recebem dinheiro, salários, meio de vida
digno.
Na
verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou ficar com a Ver.ª Tereza Franco,
que disse que a Cidade no seu somatório de problemas esperava muito mais de nós
do que perder todo o nosso tempo num projeto de lei que não vai trazer nenhum
benefício para a Cidade.
Por
isso, encaminho contrariamente ao Projeto e fico com a Ver.ª Tereza Franco: tem
muito mais problemas na Cidade, esperando por soluções que possam ser dadas por
nós. E nesse caso o projeto de lei não traz nenhuma solução, nenhum benefício,
não faz coisa nenhuma que venha somar para a Cidade de Porto Alegre.
Por
isso encaminho - e reitero - contrariamente. Saúde e paz. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar o PLL nº 86/98.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vejam
que tivemos uma evolução, inclusive, de parte da Ver.ª Anamaria Negroni, que
abandonou sua tese de crueldade e disse que a questão está ligada ao jogo...
(Apartes
anti-regimentais.)
V.
Ex.ª disse que não era tanto, está gravado, desafio V. Ex.ª a examinarmos a
fita.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Elói Guimarães, vou suspender o
tempo de V. Ex.ª e solicitar aos Srs. Vereadores que não sejam feitos apartes
anti-regimentais. Devolvo o tempo ao
Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu estou afirmando, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, e está gravado, de que a questão, segundo a Ver.ª Anamaria
Negroni, não é só a crueldade; é o
jogo.
Eu
gostaria que a Câmara pegasse os galistas para conhecê-los. Os
preservacionistas, não só de Porto Alegre, mas do interior do Estado e do
Brasil são pessoas dignas, humildes e são pessoas da nossa sociedade.
Eu
não sei qual é a opinião da Vereadora sobre o judô, sobre o boxe e sobre o
futebol. O futebol é um embate que fazem duas equipes contendoras na posse da
bola. Isso, à visão de alguém, pode parecer que são maus tratos e, veja-se,
entre seres humanos.
Nós,
que regramos para a sociedade, tínhamos que conhecer as coisas para se saber
como é tratada essa espécie galinácea, o galo de briga, que é o da espécie que
dura mais, porque o galeto, o frango, é abatido no primeiro canto. Se isso é
crueldade ou não é uma questão subjetiva. Ninguém tem o monopólio da verdade!
A
questão de maus tratos é uma questão subjetiva; eu posso até dizer que o
futebol opera maus tratos. A análise de maus tratos tem que ser examinada
dentro de uma contextualidade: como é que as aves vão para o embate, em que
condições isso se dá, com regras, com juiz, com as aves adredemente preparadas,
com igualdade não só no tamanho, peso e idade, mas em totais condições.
O
jogo, joga-se nas carreiras, joga-se no hipódromo, se joga nas bancadas. O jogo
faz parte da cultura brasileira. Até podemos discutir, vamos acabar com o jogo,
é uma discussão que se pode fazer. Mas ele está integrado nas relações, nas
inter-relações das pessoas. Eu não vejo nisso nenhum ato que desabone qualquer
pessoa por jogar nesse ou naquele jogo. Respeito quem não goste de jogo e
respeito quem não joga. Agora, não se faça o desrespeito de não respeitar quem
jogue. Olha, encartar esse monopólio da verdade tem muito a ver com o
subjetivismo nazi-fascista, que é o monopólio de ser uma determinada realidade
a favor ou contra uma realidade prejudicial, ou não prejudicial. A democracia
permite exatamente esse debate e o entendimento das pessoas sobre a realidade.
Então nós que regramos para a sociedade, para as relações e convívio da cidade,
quando adentrarmos determinada matéria temos que pelo menos conhecer, ao menos
saber com quem estamos lidando. Temos que conhecer.
Então,
fica aqui a nossa manifestação de que é um assunto que temos que debater,
examinar profundamente, relacionar com outros tipos de atividade. Enfim, é um
assunto que tem que trazer melhores dados para que se possa dar uma definição
completa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos saudar a presença do jornalista
Gilmar Etelwein, que foi jornalista desta Casa e que hoje é o Coordenador de
Música na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Queremos lembrar que domingo é
o Dia do Músico e segunda-feira haverá um Grande Expediente dedicado a esses
profissionais.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar o PLL nº 086/98.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. vereadores, eu
pensei que a Câmara nesta manhã de sexta-feira fosse debater coisas mais
palpáveis mais consistentes, como, por exemplo, o II Plano Diretor, já que
estamos empenhados nos últimos dias para decidir sobre uma questão
importantíssima da Cidade. Esse maniqueísmo que se estabeleceu nesta discussão
é absolutamente insatisfatório. Penso que nós temos coisas mais sérias para
discutir. Esta Câmara está perdendo tempo, e como eu não quero perder tempo, eu
encerro o meu discurso por aqui. Vamos votar! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais Bancadas para encaminhar. Em
votação nominal, por solicitação da Ver.ª Anamaria Negroni, o PLL nº 086/98. (Após a chamada nominal.) REJEITADO por 08 votos SIM; 12 votos NÃO e 03 ABSTENÇÕES.
O SR. PRESIDENTE: Esclareço o Plenário e a assistência que,
no caso de estar presidindo a Sessão alguém que não o Presidente, quem estiver
no exercício da Presidência e o Presidente não votam, a não ser os casos
dispostos no art. 83 da Lei Orgânica do Município, ou seja, havendo a
necessidade de maioria absoluta, 2/3 dos membros da Câmara Municipal ou o voto
de desempate. Nesse sentido o Ver. Luiz Braz está regimentalmente e pela Lei
Orgânica, impedido de proferir o seu voto.
Solicito ao Sr. Secretário que leia as Declarações de Voto.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Lê.)
“
Declaração de voto.
Somos contra a prática da rinha de galo, mas
julgamos necessário um debate mais amplo, uma melhor forma legal de
enquadramento dessa questão no âmbito do Município. Sala das Sessões, 20 de
novembro de 1998.”
O
Ver. João Motta é o primeiro signatário, mas o Ver. João Motta não votou, após
seguem as assinaturas dos Vers. Lauro Hagemann e Clovis Ilgenfritz.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta não estava no Plenário,
então este Presidente consideraria nula a leitura. Porém há um questionamento
de que também subscrevem a Declaração de Voto, o Ver. Lauro Hagemann, do PPS, e
o Ver. Clovis Ilgenfritz da Silva. Nesse sentido, a Presidência recebe a
Declaração de Voto, no caso dos dois Vereadores nominados e que estavam
presentes na votação.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Acredito que o resultado dessa votação
não reflete o desejo daquilo que esperava o povo de Porto Alegre. Nesse
ínterim, até o Pedido de Renovação que vamos fazer, acredito que haverá mais
tempo para que os Vereadores desta Casa reflitam sobre o assunto e, provavelmente,
conseguiremos reverter o resultado dessa votação.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): V. Ex.ª anuncia que vai pedir a renovação
de votação do PLL nº 086/98, esse é um direito regimental que tem. Este
Plenário fica aguardando essa providência.
PROC.
2864/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 032/98, que autoriza o Poder Executivo Municipal
a contratar operação de crédito com a Caixa Econômica Federal – CEF, visando à
implementação, em Porto Alegre, do Programa PRÓ-SANEAMENTO.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA – Art. 122, III, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia
por força do Art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 032/98. O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vejo
que os companheiros estão preocupados com o andamento dos trabalhos nesta Casa,
porque às 12h15min estamos votando, ainda, o segundo projeto do dia, que é da
maior importância e da maior relevância, e eu não me sentiria bem se votasse
esse projeto sem ao menos comentá-lo. Primeiro, porque esse projeto é mais uma
autorização ao Poder Executivo Municipal para contratar operações de créditos
com a Caixa Econômica Federal, visando a implementação em Porto Alegre do Programa
Pró-Saneamento. Já devemos ter, com relação ao Pró-Saneamento, pelo menos umas
seis autorizações para que sejam firmados os convênios com a Caixa Econômica Federal,
ora pelo DMAE, ora pelo DEP, por vários órgãos do Município, para que sejam
realizadas obras importantes para a Cidade.
Aliás,
o próprio Prefeito em exercício, José Fortunati, informa: “Obras projetadas
pelo Pró-Saneamento para 1998: Arroio das Águas Mortas, investimento de 1
milhão e 50 mil, sendo que 825 mil da Caixa e 225 mil da Prefeitura de Porto Alegre”. Depois fala no Arroio Guarujá, no
aterro sanitário da Extrema, muito polêmico; Av. Clemenciano Barnasque; Av.
Padre Cacique - que bom, espero que aquele problema que vai para bodas de prata
possa ser enfrentado agora, que é o constante alagamento que temos naquela área
e que, diante de uma precipitação pluviométrica um pouco mais intensa; Av.
Toledo Piza, na Vila Elizabeth, no Sarandi; Canal Mena Barreto; Sistema
Integrado Camaquã.
Eu
havia dito seis investimentos, mas só no DEP são oito, na ordem, no valor de 1
milhão e 400 mil, onde a Caixa Econômica Federal investe o valor de 9 milhões,
e o Município 2 milhões e 400 mil, numa proporção de 20% que o Município coloca
com seus recursos próprios. Isso é ótimo para a Cidade de Porto Alegre. É certo
buscar recursos da Caixa Econômica Federal e endividar-se para fazer essas
obras? Acho correto. Os endividamentos têm que ser feitos no sentido de
realizar serviços e obras pela Cidade que, pela sua natureza, têm que ser
suportados por várias gerações, e não por uma geração só. Eu arrisco dizer,
até, que é impossível, na atual circunstância, o Município dispor de 11 milhões
e 400 mil reais para fazer investimento do DEP. Não existe este recurso. Nós
vimos, aqui, quando discutimos o Orçamento, que o total de investimentos do
Município, neste ano, beira a 100 milhões de reais e, desses, com recursos
próprios, não são mais que 20 milhões. Então, não há como pegar todo o recurso
próprio do Município e colocar 50% no DEP. Não que ele não mereça, não que não
seja relevante a tarefa por ele executada, mas, simplesmente, porque outras
necessidades da cidade precisam ser enfrentadas.
O
Município não tem outra alternativa senão sair à procura de recursos. E a Caixa
Econômica Federal, nesse particular, tem se mostrado uma parceira extremamente
eficiente, porque tem o recurso que é concedido sem muita burocracia e as
condições de concessão desse recurso são razoavelmente boas, em termos de
financiamento, juro, prazo de carência e prazo de amortização. Por tudo isso,
Sr. Presidente, é que eu costumo, quando matérias como esta chegam à Casa, vir
à tribuna discutir para que a Cidade de Porto Alegre saiba que nós, Vereadores,
estamos atentos com as coisas que ocorrem aqui. Nós sabemos que é bom? Sabemos
que é bom. Vamos aprovar? Vamos aprovar. O Ver. João Dib tinha dado um parecer
favorável, como Relator-Geral, e ninguém votou, porque foi pedido o art. 81. Eu
digo o seguinte: essas matérias são tão pacíficas que é conveniente que, em
outras circunstâncias semelhantes, não se atropele o art. 81, que se utilize o
recurso do Relator-Geral, para que os Vereadores possam votar com maior
tranqüilidade. Se eu não tivesse feito este comentário, provavelmente nós
votaríamos esta matéria apenas na certeza de que o DEP, o DMAE, estes órgãos do
Município, são relevantes, são importantes, que as coisas que eles vão fazer
são boas e, aí, pronto, nós votaríamos sem maior discussão. Pelo menos, eu
estou ensejando, com esta minha indesejável intervenção no processo, para a
grande parte da Casa que já gostaria de estar votando, que se saiba que nós
estamos votando exatamente recursos para fazer estas obras a que eu já me
referi. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. (
Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o PLE nº 032/98 por unanimidade.
PROC.
2884/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 033/98, que autoriza o Departamento Municipal de
Água e Esgotos – DMAE a contratar operação de crédito com a Caixa Econômica
Federal – CEF, visando à implementação, no Município de Porto Alegre, do
Programa PRÓ-SANEAMENTO.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA – Art. 122, III, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia
por força do Art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE Discussão geral e votação do PLE nº
033/98. Em discussão. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, esta matéria que trata
de recursos para o DMAE, pela sua relevância, deveria ser discutida, mas há
apelos, face ao adiantado da hora, para que não haja discussão. Então, em uma
demonstração de boa vontade eu e o Ver. Renato Guimarães não vamos discutir
essa matéria, apesar de sabermos o que estamos votando.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a discussão é um
direito de todos os Vereadores e, se a matéria é importante, nenhum Vereador
deve abrir mão de seu direito.
Não
há Vereadores inscritos para discutir a matéria. Encerrada a discussão. Em
votação o PLE nº 033/98. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
PROC.
1037/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 045/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
obriga as escolas de formação de condutores de veículos automotores
(auto-escolas), sediadas no Município de Porto Alegre, que possuam no mínimo 10
(dez) veículos em sua frota, à adaptação de um desses para o aprendizado de
pessoas portadoras de deficiência física. Com
Emendas nºs 01, 02 e 03.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da CEFOR. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto e
da Emenda nº 01.
Observações:
- incluído na Ordem do Dia
por força do Art. 81 da LOM;
- adiada a discussão por
cinco Sessões;
- discutiram a matéria os
Vereadores A. Sell e C. Martini.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral o PLL nº 045/97. (Pausa.)
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em
votação a Emenda nº 1, aposta ao Projeto nº 045/97. Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
A
aprovação da Emenda nº 1 prejudicou a Emenda nº 3. O Ver. Paulo Brum informa
que não prejudica.
Solicito
ao Sr. 1º Secretário, Ver. Juarez Pinheiro, que faça a leitura da Emenda nº 1.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.) Nós aprovamos a Emenda nº 01, que
diz que a adaptação é de um veículo e a Emenda nº 03 diz que a adaptação é de
dois veículos, portanto Emenda nº 3 fica prejudicada.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Paulo Brum existe a possibilidade,
caso V. Ex.ª queira que a Emenda nº 03 seja aprovada e não a de nº 01, de
solicitar verificação de votação para a Emenda nº 01. E, se for esse o seu
desejo, solicitar ao Plenário que vote contra essa Emenda para que a Emenda nº
03 seja aprovada.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, eu aceito a sua sugestão
e solicito verificação de votação para a Emenda nº 01, pedindo aos nobres Pares
para que ela seja rejeitada e aprovada a Emenda nº 03 que deixara, com certeza,
o Projeto melhor.
O SR. PRESIDENTE: Em verificação de votação a Emenda nº 01.
(Após a chamada.) REJEITADA por 16
votos NÃO e 2 ABSTENÇÕES.
O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 2 ao PLL nº
045/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA com abstenção do Ver. João
Dib.
Em
votação a Emenda nº 3 ao PLL nº 045/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA com
abstenção do Ver. João Dib.
PROC.
2890/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
Parecer:
- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- quórum para aprovação: maioria simples de votos, presente a maioria absoluta dos Vereadores – Art. 53, “caput”, c/c Art. 82, “caput”, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Discussão geral e votação do PLE nº
037/98.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, como o Orçamento do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana depende de transferências do Orçamento
da Administração Centralizada e o Orçamento da Centralizada não foi votado, nós
poderemos votar o Orçamento do DMLU?
O SR. PRESIDENTE: A Questão de Ordem de V. Ex.ª me coloca
dúvidas. Talvez eu tenha o mesmo entendimento de V. Ex.ª de que nós precisamos
votar o Orçamento da Centralizada antes. Os trabalhos estão suspensos por um
minuto, para fazermos as consultas necessárias.
(Suspendem-se
os trabalhos às 12h39min.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz - às 12h40min):
Estão reabertos os
trabalhos. Ver. João Antônio Dib, a Questão de Ordem de V. Ex.ª, pelo menos na
opinião desta Presidência, tem cabimento, mas eu não gostaria de responder tão
de pronto para V. Ex.ª pois vejo que o Plenário também não tem mais os 17
Vereadores para que possamos continuar a discutir uma matéria que é extremamente
importante. Vamos dar por encerrada a Sessão de hoje, convocando os Srs.
Vereadores para a próxima segunda-feira, no horário regimental.
(Encerra-se
a Sessão às 12h42min.)
* * * * *